Neste domingo (19/09), às 20h30, na TV Brasil, “Caminhos da
Reportagem” desbrava o interior da Bahia. A edição inédita "Pedra do
Cavalo: uma viagem do recôncavo ao Portal do Sertão", produzida pela TV
Feira, afiliada da TV Brasil na Rede Nacional de Comunicação Pública (RNCP),
mostra o reservatório de água doce localizado no coração do recôncavo baiano,
na cidade de Cachoeira.
As águas represadas pela construção da barragem de Pedra do
Cavalo criaram um lago formado por dois rios da Bahia, o Jacuípe e o Paraguaçu.
Além de fornecer água potável e energia elétrica para 4 milhões de pessoas,
essa bacia ainda revela um enorme potencial ecológico e turístico, abrindo
espaço para a pesca esportiva e a prática de esportes aquáticos como o jet ski,
caiaque, vela e skysurf.
O entorno da barragem cercado pela caatinga e pela mata
atlântica é uma Área de Proteção Ambiental.
A exploração de pescados para fins comerciais e a pesca
artesanal ocorrem em todo o lago Pedra do Cavalo. Ali, o pescador Lucivaldo
Pedreira mostra satisfação com os projetos de apoio aos pescadores. "A
pesca aqui é muito legal para a nossa comunidade. Esse projeto que veio pra
gente chamado Peixe na Rede foi muito lucrativo, gerando emprego e
renda", afirma.
O programa ainda revela como as cidades históricas do
recôncavo se desenvolveram em torno dessa barragem. É o caso de Cachoeira e São
Félix, separadas apenas pelo rio Paraguaçu. As duas cidades são dois
importantes patrimônios históricos, não apenas da Bahia, mas de todo o Brasil.
O historiador Jacó dos Santos explica o motivo da região
possuir esse legado. "Foi aqui em Cachoeira que aconteceu o primeiro passo
para a independência do Brasil, no dia 25 de junho de 1822. Foi o momento em
que os portugueses ainda resistiram na Bahia. Inclusive porque aqui, o Dom
Pedro I foi aclamado Imperador e defensor perpétuo do Brasil”, argumenta.
Segundo o historiador, no século XIX, o recôncavo da Bahia
tinha mais de 40 engenhos, cujas ruínas ainda resistem ao tempo, como é o caso
da Casa Grande do Engenho Vitória mostrada na reportagem. Cachoeira é
considerada a cidade mais negra da Bahia e do Brasil, mantendo vários terreiros
de candomblé e umbanda que entram no circuito do turismo religioso, alguns,
inclusive tombados pelo patrimônio imaterial.
O episódio também mostra que entre Cachoeira e Feira de
Santana está a cidade de Cabaceiras do Paraguaçu, onde nasceu Castro Alves, o
poeta dos escravos. Ali, a casa onde ele viveu na infância foi transformada em
museu que já reabriu as portas aos visitantes depois de ficar fechada por meses
durante a pandemia.
Diogenisa Oliva, coordenadora do Parque Histórico Castro
Alves, fala com orgulho da preservação da memória do escritor. "Nós temos
uma gravata, que foi guardada antes da morte dele, temos um cachinho de cabelo,
uma cômoda papeleira e uns manuscritos dele do livro dos escravos",
observa.
Durante a entrevista para a produção jornalística, ela
complementa o raciocínio. "Ele era um artista completo, escreveu peças de
teatro e desenhava muito bem", explica Diogenisa apontando a pintura de
Castro Alves na parede do museu.
Essa edição ainda destaca as belezas de Feira de Santana.
Conhecida como a Princesa do Sertão, apelido dado por Rui Barbosa, é a maior
cidade do interior da Bahia e uma das mais importantes do interior do Nordeste.
A região mantém fortes tradições. Algumas com mais de 100
anos como o Reisado de São Vicente, festejado no Dia de Reis. Também foi ali
que o samba de roda do Recôncavo ganhou um sotaque sertanejo e rompeu
fronteiras.
Representante do grupo de cultura popular Quixabeira da
Matinha, Galdino Oliveira, conhecido como Guda, explica como seu pai, o saudoso
Coleirinho da Bahia, popularizou o samba de roda. "O samba de roda só era
visto na zona rural, que a gente costuma falar, dentro da roça. E ele pegou
esse samba e começou a levar para apresentar nas cidades e depois para as
capitais. E graças a Deus hoje, esse samba está no mundo", conclui.