Nesta sexta-feira (09/04), às 23h30, a TV Cultura reapresenta
a edição do Persona que homenageia o ator e contador de histórias João Acaiabe,
morto em decorrência da Covid-19, no último dia 31.
Com mais de 40 anos de carreira, João Acaiabe participou de
dezenas de montagens teatrais e filmes, e foi presença marcante na televisão. O
artista ficou especialmente conhecido por interpretar os personagens Tio
Barnabé em Sítio do Picapau Amarelo e o chefe Chico na novela Chiquititas.
Durante o programa, Acaiabe é entrevistado pelas atrizes
Carla Fioroni e Lizette Negreiros. No decorrer da atração, conta também com
depoimentos a seu respeito de inúmeros artistas como Nicette Bruno, Luiz Serra,
Ana Maria Barreto, Oswaldo Mendes, João Batista de Andrade, Roberto Marti e
Gigi Anhelli.
O artista relembra sua infância em Espírito Santo do Pinhal
(SP) e o início de carreira, aos 16 anos, como locutor de rádio em sua cidade
natal. Comenta que começou a se interessar por teatro devido ao circo que
passava em sua cidade. "Era um circo-teatro. Várias vezes eu quis fugir
com o circo, mas não tinha coragem", confidencia.
O ator comenta como foi a vinda para São Paulo, aos 18 anos.
"Eu tinha feito o magistério e vim para São Paulo para fazer
psicologia", disse. João ainda lembra seu ingresso na Escola de Arte
Dramática e o fato de ser o único negro da turma. "No ginásio, eu era o
único negro e na escola também. Mas é incrível como o teatro recebe a gente,
negros, brancos, mestiços, gays, lésbicas. Ele abraça", diz.
Quando estava na Escola de Arte Dramática, ainda muito jovem,
Acaiabe foi para a Colômbia, no Festival Internacional de Teatro de Manizales,
onde interpretou um personagem que tinha que cantar e dançar. "Foi muito
bom, mas eu nunca sofri tanto na minha vida", diz aos risos.
No Persona, o artista conta sobre algumas das peças das quais
participou, como Pedro Pedreiro, Missa Leiga, Balada de Manhattan, Um tiro no
coração, Jesus Homem, Lembrar é Resistir e Vamos jogar o jogo do jogo. Também
fala dos espetáculos infantis, como Histórias para a Hora do Não, e de seus
trabalhos voltados às crianças na televisão, como o célebre Bambalalão, da TV
Cultura, em que contava histórias. "Eu fui pioneiro de contar história em
televisão. O Antônio Abujamra me deu isso", enfatizou.
No cinema, fez diversos filmes, como Vozes do Medo, Eles não
usam black-tie, Os Boleiros e A Próxima Vítima.