Neste domingo (13/09), às 20 horas, na TV Brasil, “Caminhos
da Reportagem” revela os impactos da pandemia do novo coronavírus para os
idosos e a importância deste grupo na nova ordem social do País como parte de
uma parcela da população que cresceu 20% somente nos últimos seis anos.
O programa jornalístico entrevistou Marcelo Neri, economista
da Fundação Getúlio Vargas/RJ e coordenador da pesquisa "Onde estão os
idosos - Conhecimento contra a Covid-19". Para ele "a pandemia pega o
Brasil num momento que a população de idosos é grande, crescente, mas se fosse
daqui a 50 ou 30 anos, o problema seria ainda mais relevante". Dados
mostram que, em 2050, serão cerca de 67 milhões de idosos no país,
representando 31% da sociedade.
Desde o início da pandemia do Covid-19 especialistas têm
alertado para a vulnerabilidade da população idosa em relação ao vírus. A
poeta, escritora e compositora Dona Tuca que vive na Cidade de Deus, no Rio de
Janeiro, desabafa: "essa pandemia tá maltratando a gente que é velho, esse
negócio da gente ficar assim só dentro de casa". O médico e gerontólogo Alexandre Kalache
explica que "nós temos, indubitavelmente, uma resposta imunológica, à
medida que envelhecemos, mais fraca do que uma pessoa que tenha 30 anos e que
não tenha comorbidade".
Nalva Nóbrega tem 92 anos e vive em Natal, Rio Grande do
Norte. Para ela, o importante é ocupar a mente nesta fase da vida. Durante a
pandemia, segue fazendo o que mais gosta: "o piano me prende ultimamente,
eu chego a colocar o telefone na estante e toco e ligo para os meus amigos. Pra
dizer que estou viva minha gente, estou aqui em Natal mas tô tocando piano pra
vocês".
Para Alexandre Silva, médico e gerontólogo, quando hoje se
fala do idoso vulnerável, é preferível dizer que ele está em vulnerabilidade.
"Se você tem um idoso que consegue chegar cheio de saúde, ele não está
exposto aos riscos da Covid-19 da mesma forma que uma pessoa idosa que não
tenha uma boa condição de saúde", destaca o médico.
A aposentada Deyse Diele cuida do neto desde que ele nasceu.
"Eu comecei a arcar com todas as despesas do Ben, desde plano de saúde,
vestuário, alimentação. Se eu não tivesse a minha aposentadoria ia ser muito
difícil manter o nível que eu tenho com o Ben", conta.
Sobre isso, Alexandre Kalache considera que, com a pandemia
do novo coronavírus, a questão econômica ficou mais exacerbada e faz um alerta:
"proteja seus velhinhos, porque se ele se for vocês é que vão sofrer as
consequências econômicas daquela perda".
O uso cada vez maior dos recursos tecnológicos por esta
parcela da população é outro tema que se tornou relevante durante a pandemia.
Muitos idosos estão descobrindo um mundo novo, como no caso da atriz Suely
Franco. Reclusa em sua casa no bairro da zona sul do Rio de Janeiro, ela
confessou que ainda tem dificuldade em lidar com a tecnologia. Mas,
recentemente, a atriz abriu uma conta no Instagram para postar vídeos:
"uma amiga encheu a minha cabeça porque eu gosto muito de contar piada.
Ela que faz tudo, não sou eu. E quando tem alguma outra coisa pra fazer é meu
filho que faz".
Para a antropóloga Mirian Goldenberg há uma falsa percepção
de que os idosos são incapazes de usar a tecnologia. "Eu pesquiso pessoas
de mais de 90 anos que usam perfeitamente o celular, a internet, aqueles que
têm interesse por isso. E outros não. Não porque são idosos, mas porque não
gostam. O que não significa que eles estão isolados porque podem se comunicar
com as pessoas que amam por telefone, como sempre fizeram antes da
pandemia", explica.
Suely Franco completa: "Eu estou sempre falando pelo
telefone, porque eu não sei lidar com celular. Celular pra mim é só pra
atender. Atender, falar e discar".