O décimo e último episódio inédito da série “Missões de Vida”
estreia no canal Cinemax e na HBO GO nesta terça-feira (02/06), às 18h55. Em “Educação
sem muros”, os personagens são os educadores Êda Luiz e Braz Nogueira (ambos de
São Paulo) que transformaram escolas em pontos centrais para comunidades mais
humanas e dignas.
O educador Braz Nogueira ficou conhecido por transformar o
processo de ensino e aprendizagem na Escola Municipal de Ensino Fundamental
Campos Salles, em Heliópolis, uma das maiores comunidades da América Latina.
Por meio de ações simples, como conversar com os moradores da região, e outras
desafiadoras, como a derrubada dos muros, Braz trouxe a comunidade para dentro
da instituição de ensino.
Ao perceber que os muros, que antes serviam para proteger a
escola, estavam afastando as pessoas daquele ambiente, ele mandou tirá-los e
criou uma grande praça integrando as áreas. Quando notou que os alunos e
professores precisavam mudar a abordagem dos conteúdos, transformou o currículo
e mandou derrubar as paredes que dividiam as salas de aula.
Braz Nogueira recorda quando assumiu o cargo de diretor na
EMEF Campos Salles em 1995. “Foi meu maior desafio, não conhecia ninguém, mas
não podia voltar atrás”, diz. Ao invés de desistir de comandar a escola na
comunidade carente, ele adotou a estratégia de aumentar a participação de todos
na rotina, envolvendo pais nas decisões, na manutenção e na conservação da
instituição. Mais difícil, porém foi
romper com a estrutura tradicional do prédio e do currículo.
Apesar da resistência inicial, conseguiu derrubar as paredes
internas da escola, transformando 12 salas em 4 salões. Agora, os alunos
sentam-se em mesas coletivas e estudam por meio de roteiros, nos quais
desenvolvem percursos de aprendizagem sobre os mais diferentes campos do
conhecimento.
Derrubar paradigmas e implantar conceitos inovadores de
inclusão e de educação, também é missão de Êda Luiz que, por 20 anos, foi
coordenadora pedagógica do Centro de Integração de Jovens e Adultos (Cieja) em
Campo Limpo, na periferia de São Paulo.
Durante este período, o local, que se abriu para acolher
adultos e crianças que não se encaixavam em outras instituições, foi
reconhecida como “Escola de Educação Transformadora para o Século XXI” pela
UNESCO (2017). “Nossos alunos já passaram pelo sistema educacional, mas foi
negado a eles o direito de aprender”, afirma Êda. “Mas está provado todo mundo
aprende”, completa.
Adultos trabalhadores, pessoas de idade, jovens com
deficiências ou problemas de aprendizagem reúnem-se no Cieja para aulas que
levam em conta suas necessidades. Não há separação dos alunos deficientes: eles
participam das turmas regulares, mas têm aulas específicas de libras e braile.
Os conteúdos abordam assuntos do interesse deles, como
família, comida, esporte, viagens e trabalho. As atividades que promovem a
interação social dos estudantes também são estimuladas. No Missões de Vida, Êda
lembra seu gosto por desafios. Ela já era professora aposentada quando prestou
um concurso para a EJA (Educação de Jovens e Adultos) e foi convidada para
coordenar o Cieja, na região carente. “O interesse pela carreira de educadora
vem desde criança”, explica.