Neste domingo (17/05), às 20 horas, na TV Brasil, “Caminhos
da Reportagem” mostra a importância do trabalho das pessoas que se dedicam a
cuidar de alguém, sobretudo com a pandemia do coronavírus que tem exigido ainda
mais atenção e transformado as rotinas em casa. A atração jornalística revela
como vivem aqueles que acompanham idosos, enfermos ou pessoas com deficiência.
No mundo inteiro, o cuidado ainda tem rosto de mulher: 75%
desses trabalhadores são meninas ou mulheres. A pesquisa Tempo de Cuidar,
publicada pela Oxfam, mostrou que 42% delas têm dificuldade de encontrar
trabalho porque também se encarregam de alguém da família.
Esta edição do Caminhos da Reportagem é resultado de
histórias de cuidadoras que mostram parte das suas atividades, falam sobre
preocupações, dificuldades, medos e angústias.
Com o envelhecimento da população e a redução do tamanho das
famílias, a questão do cuidado também traz um impacto econômico. Se as
cuidadoras informais fossem remuneradas, esse mercado poderia movimentar três
vezes mais dinheiro do que a indústria de tecnologia, de acordo com a pesquisa
da Oxfam.
O aumento da demanda também faz crescer a procura por
cuidadores profissionais. No Brasil, por exemplo, essa é a profissão que mais
cresce. Nos últimos dez anos, o número de cuidadores profissionais aumentou
547%.
Berna Almeida transformou a dor da perda em um projeto de
cuidadores voluntários. Com a morte da mãe, de quem cuidou por sete anos, a
sensação de vazio foi amenizada por uma rede de solidariedade. “Ou eu ficava de
cama ou eu fazia alguma coisa. Foi aí que surgiu o projeto Conte Comigo. A
pessoa vai na sua casa e pode doar o tempo que ela quiser – uma hora, duas,
três, quatro. Você quer ir lá só pra conversar? Vai lá só pra conversar. Quer
ajudar a dar um banho? Vai lá ajudar a dar um banho”, explica Berna.
A equipe do programa também entrevistou o médico intensivista
e paliativista Daniel Neves Forte. “Uma coisa que ajuda humanos em geral, seja
cuidador, seja paciente, seja profissional, é pedir ajuda. A gente tem a
sensação de que precisa ser autossuficiente. E muitas vezes, na hora em que a
gente consegue pedir ajuda, a gente consegue ter mais chances de resolver
problemas”, afirma o médico.
O adoecimento de cuidadores muitas vezes passa despercebido.
“Isso é uma questão muito séria, porque a gente percebe o quanto de desgaste
eles têm em relação a esses cuidados. Muitos deles são idosos cuidando de
outros idosos”, lembra Andrea Faustino, do Núcleo de Estudos da Terceira Idade
da Universidade de Brasília.
A atração jornalística mostra ainda que foi com o apoio de
outras famílias e com ajuda psicológica que Jéssica Guedes se fortaleceu para
cuidar das filhas. Rafaela, a mais nova, tem uma doença rara e depende de home
care, uma internação domiciliar. Com a psicóloga, Jéssica formou um grupo
terapêutico para mães de crianças com doenças raras. “O grupo é um tempo pra eu
cuidar de mim, da minha qualidade de vida, da qualidade de vida das minhas
filhas e pensar que a gente pode viver mais leve”, diz Jéssica.
Segundo a médica geriatra Ana Cláudia Arantes, muitas vezes o
cuidador está tão atento à pessoa que ele cuida que deixa de cuidar de si mesmo.
“Ele só olha para a pessoa que ele cuida. É necessário que as pessoas se
coloquem ao lado daquele que cuida a ponto de propiciar que ele descanse”,
conclui.