O SescTV exibe pela primeira vez o episódio Tempo, Movimento
e Distância, da série “Filosofia Pop”, dirigida por Esmir Filho e apresentada
pela filósofa e escritora Marcia Tiburi. Para debater o tema, a produção recebe
a cineasta Anna Muylaert e a professora de artes do corpo Christine Greiner,
que analisam, junto com Marcia, o tempo sob o ponto de vista da cronologia e de
uma ordem fictícia e imaginária. A atração vai ao ar nesta segunda-feira (09/12),
às 23h.
Christine Greiner se apoia no livro Os Sonhos de Einstein, do
escritor estadunidense Ian Lightman, e fala que a extensão do tempo vai
depender da situação que se vive em determinado momento. De acordo com ela,
quem está em uma sala de espera de um hospital, porque seu filho está doente,
tem a sensação de duração daquele instante maior do que uma outra pessoa que
está feliz. “O que sempre me interessou com relação ao tempo é que é uma
multiplicidade, que o tempo não é uma coisa só”, expõe a professora.
Anna Muylaert aborda o tempo trabalhado na música, provocando
emoções em quem a ouve, e o período histórico atual, inédito e veloz, com o uso
da internet. “Não só digital, mas falando da distância, do acesso à viagem por
avião e do modo como a gente experimenta o planeta é tudo muito novo também”,
afirma, e comenta, ainda, sobre o tempo psicológico, visto, segundo ela, pelo
filósofo indiano Jiddu Krishnamurti como uma criação humana. “O tempo real da
experiência só pode ser aqui, agora. O passado é memória, o futuro é projeção
e, portanto, é imaginação”, explica. A cineasta articula sobre oportunidades
que se perde na vida por deixar de viver o real, gerando a infelicidade.
Dentre outros assuntos, o episódio também discute a
meditação, prática pouco realizada nos dias de hoje devido às diversas
atividades que o ser humano ocupa em sua rotina, mas que, cada vez mais, está
sendo aderida por artistas e outras pessoas; debate o lidar com as
subjetividades lúdicas das crianças em uma sociedade hiperprodutiva e de
consumo, quando muitas destas têm suas agendas lotadas, na maioria das vezes,
por influências de adultos; e o quanto a população mundial é dependente das
tecnologias. “Hoje para você ter silêncio, você tem que se desconectar”,
assegura Marcia.
A filósofa também questiona sobre as artes e práticas
corporais como formas de se construir, criar e inventar a vida, e cita a dança,
qualquer que seja ela, como uma atividade que faz com que as pessoas vivam uma
relação diferente com seus corpos. Christine pensa que expressões culturais em
geral levam os seres humanos a se conectarem através do diferente e, partir
daí, abrem um campo de criação e percepção junto ao outro.
Elas falam ainda sobre a contemplação da arte, que envolve
tempo, atenção e silêncio, como assistir à um filme em um cinema. Anna Muylaert
conversa sobre a produção do cinema narrativo, o que é feito por ela, que
mistura dramaturgia e literatura com uma determinada duração.