Filho de Fela Kuti, multi-instrumentista pioneiro do gênero
musical afrobeat, o cantor e compositor nigeriano Seun Kuti se apresenta com a
banda Egypt 80, liderada por ele após a morte do pai. O show, realizado nas
unidades do Sesc São José dos Campos e Pompeia durante o Nublu Jazz Festival
2018, será exibido pela primeira vez no SescTV nesta quarta-feira (06/11), às
22h.
Seun Kuti abre seu show com a canção Pansa Pansa (Fela Kuti),
relatando que sempre começa com uma das canções de seu pai em respeito a ele.
Já em entrevista, o artista fala sobre a identidade negra no contexto musical e
a compara com a visão que o mundo tem de conteúdos europeus. Ele articula que a música clássica é
reconhecida em qualquer lugar que é tocada, e o mesmo não acontece com a negra.
“Tentam localizá-la para a área onde ela foi feita. Dizem que o reggae é música jamaicana, mas o
que é Jamaica? Ela é só uma ilha no meio do nada. Quando se trata de negros,
não existe tal coisa como apropriação cultural entre nós. Se um negro faz
afrobeat no Brasil, não há apropriação, ele está tocando sua música ancestral”,
explica.
O nigeriano comenta sobre o álbum Black Times (2018), lançado
no mundo todo pela Strut Records em parceria com a K7. Ele foi escrito para a
classe trabalhadora do mundo todo a fim de confrontar o discurso elitista que
controla a mídia e todas as instituições de influência, sejam elas
educacionais, administrativas ou corporativas. Para Seun, foi relevante ter
feito um álbum que entrasse em contato com essa falsa narrativa da humanidade.
O multi-instrumentista também dialoga sobre a importância de
se ter lideranças negras. “Uma das razões pelas quais as comunidades negras não
crescem é porque quando você olha para a nossa liderança histórica, não há
tutores. Não há como consultar um grande líder porque eles estão na prisão, no
exílio ou mortos”, afirma. Para concluir seu raciocínio, Kuti diz que, se as
pessoas negras querem que algum dia exista um sistema que realmente as
represente, elas precisam saber que vivem em uma situação precária, então é
necessário estarem prontas para viver e morrer para que no amanhã possam
realmente viver.
Músicos: Seun Kuti (voz, saxofone e teclado), Adebowale
Osonnibu (saxofone barítono) Ojo Samuel (saxofone tenor), Oladimeji Akinyele
(trompete), Kunle Justice (baixo), David Obanyedo (guitarra), Aladeoluwag
Beniga (guitarra), Kola Onasanya (percussão e conga gigante), Wale Toriola
(percussão), Okon Iyamba (Xequerê), Shina Abiodun (bateria), Idowv Adedoyin
Adefolarin (trompete), Joy Opara (voz de apoio e dançarina) e Iyabo Adeniran
(voz de apoio e dançarina).
Repertório: Pansa Pansa (Fela
Kuti); African Dreams (Seun Kuti); Black Times (Seun Kuti); e Theory of Goat
and Yam (Seun Kuti).