Nesta terça-feira (05/11), às 21h30, na TV Brasil, o programa
“Caminhos da Reportagem” visita conjuntos urbanos tombados na região Sul do
país. Em cidades do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, os locais
apresentam um patrimônio histórico, arquitetônico e artístico em que está
conservada a diversidade cultural dos fundadores e habitantes.
Apesar de ser a menor região em extensão territorial no
Brasil, o Sul oferece um grande inventário de bens culturais a moradores e
turistas. Ao todo, possui mais de 150 bens e 13 conjuntos urbanos tombados pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O turismo cultural é visto como um ativo para o
desenvolvimento das cidades históricas. Nos dizeres do historiador Márcio
Rodrigues, “o patrimônio histórico chegou num tempo em que se ele não viesse,
provavelmente a cidade seria demolida. E nós teríamos uma cidade completamente
descaracterizada que não teria mais valor nenhum como patrimônio histórico do
Brasil”.
A equipe de reportagem esteve no interior do Rio Grande do
Sul, onde conheceu o conjunto histórico de Pelotas, que foi considerado, no ano
passado, patrimônio cultural brasileiro pelo Iphan. A riqueza arquitetônica da
cidade foi construída em função da produção do charque, carne salgada seca ao
sol.
Os navios que levavam o charque para o Nordeste traziam de
volta a Pelotas grandes quantidades de açúcar, que eram transformadas em doces
finos pelas doceiras tradicionais. A produção do “Caminhos da Reportagem” foi
até a charqueada São João, uma grande propriedade que chegou a ter centenas de
escravos trabalhando e hoje é patrimônio histórico nacional. Lá conheceram
doceiras que mantêm a tradição dos doces finos pelotenses, como a Mãe Gisa de
Oxalá.
Ainda durante o programa, a equipe esteve em Porto Alegre, a
capital do Estado, que tem diversos patrimônios tombados e muitas ações de
preservação. Como a Casa de Cultura Mário Quintana, o antigo Hotel Majestic
construído no centro da cidade, em que o escritor viveu entre 1968 e 1980.
Hoje, o espaço abriga atividades de cinema, música, artes visuais, dança,
teatro e literatura.
Em Santa Catarina, a produção conheceu Laguna, onde todo o
centro histórico é tombado pelo Iphan desde 1985. Na cidade, a Casa de Anita é
um dos espaços mais visitados. Trata-se de um pequeno museu com móveis de época
e objetos que fizeram parte da história da cidade e de Anita Garibaldi,
conhecida como “a heroína dos dois mundos”. Aos 18 anos, Anita conheceu o
italiano Giuseppe Garibaldi, com quem se casou. Ao lado dele, integrou
movimentos políticos, como a Revolução Farroupilha e o processo de unificação
da Itália.
Laguna ainda apresenta a pesca artesanal com botos. Os
lagunenses querem que o saber-fazer dos pescadores seja incluído no rol de
patrimônio cultural imaterial brasileiro.
Já no Paraná, a equipe de reportagem esteve em Curitiba e
seguiu viagem de trem, em uma ferrovia que corta a serra do mar, até o
município de Morretes. Em Antonina, no litoral paranaense, o Armazém Macedo
está sendo reconstruído desde o ano passado e a previsão é que seja entregue à
população em 2020. As ruínas do Armazém são símbolo da cidade e memória do
antigo porto, além de testemunho da dinâmica local até meados do século XX.
Em Lapa, o centro histórico com 235 imóveis foi tombado pelo
Iphan em 1998. A cidade de 48 mil habitantes preservou os seus casarões,
aterrou a fiação elétrica e manteve a pintura em dia. Patrimônio preservado.