Estreia nesta segunda-feira (04/11), às 21h, no Canal Brasil,
“Outras Brasileiras”, série documental produzida pela AfroReggae Audiovisual e
dirigida por Diego Dadalt, que retrata a vida de mulheres transexuais
periféricas.
Os cinco episódios são temáticos e apresentam, em cada um, um
aspecto específico da rotina das muitas personagens convidadas a darem seus
depoimentos. Os temas abordados são: 1) Corpo Político: Percepção sobre o
feminino, falta de direitos, militância e registro civil; 2) Saúde: HIV,
redesignação sexual, os preconceitos enfrentados na saúde pública, o
mercado negro da harmonização e silicone industrial; 3) Laços:
Relacionamentos, abandono familiar e religião; 4) Violência: Física,
transfobia, cafetinagem e agressão policial; 5) Trabalho: Prostituição e
inserção na sociedade legal.
Nas entrevistas, as personagens lembram da aceitação da
própria identidade, a percepção inicial sobre a disforia de gênero e as
questões familiares. As conversas demonstram as poucas oportunidades de emprego
dadas a quem nasceu com um corpo com o qual não se identifica, o abismo da
prostituição como única forma de sobrevivência e as barreiras para uma vida
amorosa saudável.
A série mostra como vivem as mulheres trans que saíram da
prostituição, mas também as que ainda precisam se prostituir para sobreviver.
Também retrata que, embora comunguem do traço da transexualidade, suas visões
acerca de temas dentro do próprio debate LGBTQI+ são divergentes, até mesmo
em relação à necessidade da cirurgia de transgenitalização.
A ideia para “Outras Brasileiras” veio da experiência da ONG
AfroReggae, fundada por José Junior, no trabalho com transexuais, a partir do
projeto Além do Arco-Íris, criado por Marcelo Garcia e que contou com apoio de
Jean Wyllys.
Ao idealizarem a série, os criadores pretendiam mostrar a
realidade – nada glamurosa como muitas vezes se vê na TV – dessas mulheres que,
no Brasil, tem expectativa de vida abaixo dos 35 anos (Fonte: Grupo Gay da
Bahia - 2018).
Por isso, a série contou com Diana Paradise, mulher trans e
ex-prostituta, no apoio a pesquisa, que acompanhou a equipe nos principais
pontos de prostituição do Rio de Janeiro, em busca das personagens que melhor
contribuíssem para criar um mosaico da situação da mulher transexual no Rio
de Janeiro.
Na trilha sonora, foram licenciadas músicas de quatro
cantoras trans, que ilustram o clima dos episo´dios: Danna Lisboa, Alice Gue´l,
MC Dellacroix e Valéria Barcellos.