Com mescla de soul, blues e jazz, o show dos guitarristas
James Blood Ulmer & Vernon Reid, realizado no Sesc Pompeia durante o
Festival Sesc Jazz de 2018, será exibido pelo SescTV nesta quarta-feira
(09/10), às 22h. O espetáculo é pontuado por entrevistas dos artistas, que
falam sobre a importância de expressar os sentimentos por meio da música; sobre
a carreira de Ulmer e a amizade dos dois.
Ulmer conta que foi proibido pelos seus pais de tocar blues
e, portanto, desde o início da sua carreira ele evitou o gênero até meados de
2001. Quando saiu do Estado da Carolina do Sul, Ulmer não queria que ninguém
soubesse seu nome verdadeiro. Então, aos 18 anos, adotou o pseudônimo de Young
Blood. Conforme foi envelhecendo, as pessoas começaram a chamá-lo apenas de
Blood.
Depois de ter lançado discos com a Columbia Record e a Blue
Note Records, e ter o compositor e saxofonista Ornette Coleman (1930-2015) como
seu produtor, o guitarrista foi convencido por Venon Reid a realizar um disco
de blues na Sun Studio. “Ele montou a banda, que é a mesma com a qual toco até
hoje, escolheu a gravadora e as músicas que queria que eu cantasse. Eu o deixei
fazer isso. Ele é a primeira e única pessoa que já me produziu como artista.
Foi assim que nasceu a Memphis Blood Blues Band”, explica Ulmer.
Já pela perspectiva de Vernon Reid, criador da banda Living
Colour, quando ouviu Blood cantar, ficou impressionado e pensou que ele era “um
cara do blues”. Nomes como Buddy Guy, John Lee Hooker e Howlin Wolf passaram
pela cabeça de Reid ao ouvir o amigo e logo ele associou seu estilo a essas
grandes referências do blues.
Reid ainda explica que os gêneros blues, gospel e jazz não
são a mesma coisa. Enquanto o primeiro está preocupado com a realidade mundana,
a condição humana e todas as suas luxúrias, o segundo aborda o transcender as
coisas deste mundo; é sobre uma realidade para as pessoas que creem na ideia de
um deus monoteísta e que há o céu e o inferno. “As pessoas consideram o blues a
música do diabo por falar sobre o cotidiano e sobre como as pessoas são, já o
gospel é sobre como elas deveriam ser e como querem ser. Então, a família de
Blood aceitava melhor que ele tocasse jazz, por ter uma certa visão do estilo
ser mais respeitável”, diz o guitarrista em relação a intolerância da família
de Ulmer ao blues.
Ao lado de James Blood Ulmer (voz e guitarra) e Vernon Reid
(guitarra), sobem ao palco os músicos Charles Burnham (violino), Leon Gruenbaum
(teclado), David Barnes (gaita), Mark Peterson (baixo) e Aubrey Dayle
(bateria).
Repertório: Spoonful (Willie
Dixon); I Want To Be Loved (Willie Dixon); There Is Power In The Blues (James Blood
Ulmer); Evil (Willie Dixon).