Os documentários inéditos Dramaturgia e Persistência da
Memória, que integram a série De Onde Se Vê, composta por 10 documentários, com
duração entre 13 e 15 minutos cada, serão exibidos no SescTV, nesta sexta-feira
(04/10), às 20h30, com reapresentações em 5/10, sábado, a partir das 15h30;
6/10, domingo, a partir das 13h30; 7/10, segunda, a partir das 21h30; e 8/10,
terça, a partir das 19h30.
Com roteiro e direção de Luiz R. Cabral e curadoria e
entrevistas do crítico de teatro Welington Andrade, as produções foram gravadas
na 5ª edição do Mirada - Festival Ibero-americano de Artes Cênicas de Santos
2018, realizado no litoral paulista pelo Sesc São Paulo.
No documentário Dramaturgia, diretores e dramaturgos discutem
o teatro contemporâneo, onde a dramaturgia cria possibilidades sonoras,
espaciais, cênicas e verbais. A dramaturga colombiana Juliana Reyes fala sobre
a diferença entre a dramaturgia no teatro e na dança; e o também dramaturgo
colombiano Gustavo Colombini comenta sobre o teatro latino-americano, que, para
ele, nasce a partir de texto. Já o dramaturgo brasileiro Pedro Kosovski
acredita que tudo que produz signo e algum tipo de significado é dramaturgia.
William Shakespeare é lembrado no episódio. Para a diretora
peruana Chela de Ferrari, a generosidade do autor inglês possibilita ao diretor
usar a profundidade de seus textos na vida. Já o diretor brasileiro Antunes
Filho, que morreu em maio deste ano, conta que decidiu montar Eu Estava em
Minha Casa e Esperava que a Chuva Chegasse (2018), atualmente em cartaz no Sesc
Consolação, na capital paulista, e baseada em texto do francês Jean-Luc
Lagarce, porque este cita frases, lances e construções de Shakespeare. “Isso me
seduziu”, conclui Antunes.
Os entrevistados comentam, ainda, sobre o processo de
construção de suas peças. A diretora brasileira Bia Lessa revela que procura
fazer alguma coisa grande a partir de uma outra já existente, e assim foi com
Grande Sertão - Veredas, que esteve em cartaz recentemente no Sesc Pompeia, em
São Paulo. “Não tentei fazer o Grande Sertão de Guimarães Rosa”, afirma. O
também brasileiro Leonardo Moreira argumenta que usou uma história de pessoa
comum para criar o personagem Homero, da peça Odisseia.
Em sequência, no documentário A Persistência da Memória, a
diretora peruana Chela Ferrari argumenta que o teatro é um espaço adequado para
falar de memórias e que há uma relação entre o público e a obra, os atores e a
história. Já a atriz e diretora portuguesa Joana Craveiro relembra como nasceu
o espetáculo Um Museu Vivo de Memória Pequenas e Esquecidas, encenada pelo
Teatro do Vestido, que narra a Revolução de 25 de abril de 1974, em Portugal.
O diretor brasileiro Vinícius Arneiro conta que o espetáculo
Colônia, idealizado pelo ator Renato Libera, surgiu a partir do livro
Holocausto Brasileiro, da Daniela Arbex. “Ele reúne histórias do Hospital
Colônia de Barcelona, onde mais de 60 mil pessoas morreram”, esclarece e diz
que para montar a peça, eles fizeram uma retrospectiva da história do Brasil.