Um tipo de terapia alternativa está ajudando na resolução de
conflitos, na solução de problemas e também no tratamento de doenças: a
Constelação Familiar. Já autorizada no Sistema Único de Saúde (SUS) e também
usada em vários tribunais de justiça do país, a técnica é assunto do “Caminhos
da Reportagem” nesta terça-feira (10/09), às 22h30, na TV Brasil.
Desenvolvida pelo filósofo, pedagogo e teólogo alemão Bert
Hellinger, essa terapia diz que todas as pessoas estão conectadas por uma
memória familiar. Essas lembranças podem ser passadas de geração para geração.
Durante uma sessão, geralmente feita em grupo, as relações
familiares são representadas e isso permite identificar problemas. "Ela se
revelou um recurso fantástico para eu poder acessar essas dinâmicas que se
colocavam como a origem de muitas doenças", conta o médico Renato Bertate,
que foi quem trouxe a técnica para o Brasil há mais de 20 anos.
A Constelação Familiar foi adotada pelo SUS em 2018 como uma
das Práticas Integrativas e Complementares (PICS) que são tratamentos
alternativos que podem ser ofertados em unidades de saúde.
A matéria especial da emissora pública tem reportagem de
Katiuscia Neri. O Caminhos da Reportagem foi a Florianópolis para mostrar a
prática no Hospital Universidade da Universidade de Santa Catarina (UFSC).
Cerca de 70 pessoas participam do projeto, que inclui outras terapias
alternativas e serve como um complemento aos tratamentos feitos no hospital.
"Depois que o paciente já foi no médico, já tratou e
mesmo assim aquilo persiste, aí, sim, a Constelação pode dar esse enfoque de
tratamento", destaca Lairton Silva, que é um dos consteladores do grupo.
Na Penitenciária Feminina do Estado do Amapá, a Constelação
Familiar tem sido usada também desde 2018 e já mostra resultados. O projeto,
que atende 120 internas, tem transformado a forma de pensar e agir das presas e
também de agentes penitenciários.
"A gente vai aprendendo maneiras, comportamentos, de
como lidar com a situação”, conta a interna Cleândia da Silva, que mudou o
jeito de ser com os filhos depois que começou a participar das sessões.
A agente penitenciária Elza Maria Tenório dos Santos comenta alguns
dos resultados. "Diminuiu o número de ocorrências, no caso das brigas,
discussões. Elas aprenderam a conviver melhor nos seus alojamentos",
afirma
No Judiciário, a Constelação Familiar também tem sido usada
para solucionar conflitos. O juiz Sami Storch, do Tribunal de Justiça da Bahia,
foi o responsável por trazer a técnica como um modo de mediação.
Hoje, 16 Estados e o Distrito Federal aplicam esse tipo de
prática com resultados positivos: na Bahia, 91% dos casos que envolvem a
Constelação são resolvidos; em Pernambuco, 76%; no Distrito Federal 61% e em
Goiás, 50%, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).