A superexposição é um grande problema da atualidade e pode
destruir carreiras sólidas. Quem faz o alerta é o empresário Marcus Montenegro.
"Você vê quantas pessoas consagradas podem ser massacradas, às vezes, com
uma coisa dita no momento errado ou de forma mal interpretada", diz em
entrevista à jornalista Roseann Kennedy no programa “Impressões” desta terça-feira
(10/09), 23h, na TV Brasil.
Ele orienta que, num momento em que todos usam as redes
sociais para "apontar o dedo", é preciso se preservar para construir
uma trajetória de sucesso. "Vivemos na rede do achismo. Conteúdo zero.
Todos têm opinião pra tudo. O profissional tem que ser reservado ao máximo,
expor o mínimo da vida pessoal. E apresentar conteúdo", afirma.
O empresário agencia mais de 350 atores, diretores e autores.
O seu casting tem nomes como Francisco Cuoco, Eva Wilma, Irene Ravache,
Rosamaria Murtinho, Cláudia Raia, Thalita Rebouças, dentre outros. Hoje também
expõe seus ensinamentos em palestras para centenas de pessoas que querem entrar
para o mundo artístico.
Na empresa, Montenegro é taxativo: "famosos de 15
minutos não entram". Para agenciar um novo talento, ele exige formação e
disciplina. "Ator que não estuda não é ator. Eu gosto de ator que tem
preparo psíquico, cultural e físico. Uma inteligência emocional. Hoje, se o
artista não tiver esse todo, ele não sobrevive. Os quinze minutos da fama podem
surgir pra todo mundo. O mais difícil não é nem entrar, é permanecer",
constata.
Muito do que Marcus Montenegro aprendeu e viveu em mais de 30
anos de trabalho no ambiente artístico estará na biografia "Caçador de
Talentos". O livro está sendo escrito por Arnaldo Bloch e será lançado em
maio de 2020. A obra, segundo ele, apresentará uma visão completa do mercado,
dos profissionais e vai homenagear grandes artistas.
Na adolescência, Montenegro queria ser médico, mas não passou
no curso de medicina na universidade federal e resolveu fazer uma virada no
projeto de vida. Apaixonado pela arte, percebeu que era uma pessoa da
comunicação.
Ainda na faculdade, ele começou a estagiar numa produtora de
vídeo institucional. Aprendeu noções de câmera, edição, direção, produção e
roteiro, identificando-se imediatamente com a profissão. Com a ânsia de
aprender mais, deixou de ter carteira de trabalho assinada para estagiar no
programa "Pequenas Empresas & Grandes Negócios", que está no ar
até hoje.
Decidiu seguir a carreira de produtor teatral, com apenas 19
anos. "Era a minha alma, era o meu desejo. Até que tive a felicidade, em
1990, de conhecer o Wolf Maia e nós montamos a Companhia do Lobo",
relembra. Logo fez sucesso e ganhou o Prêmio de Melhor Produtor do Ano com o
musical "Blue Jeans". Lançou artistas como Fábio Assunção, Maurício
Mattar e Alexandre Frota. "Foi um estouro, no Brasil não tinha essa
tradição de fazer grandes musicais, no teatro", observa.
Produziu outros musicais e conquistou mais premiações. Foi
quando conheceu Nilson Raman, empresário da cantora Bibi Ferreira, que começou
a empresariar artistas. A atriz Nathalia Timberg foi a primeira cliente.
"Nathalia é madrinha do escritório e ela que apostou a vida inteira em
mim, como ninguém. Acabei de fazer a grande festa dos 90 anos dela com muito
orgulho, né? Orgulho em todos os sentidos. Pela nossa grande história, pela
nossa trajetória de amizade e por ela chegar aos noventa anos fazendo tv e
teatro", comemora.
Montenegro ainda encontra tempo para fazer eventos sociais
para ajudar a Casa dos Artistas. Foi assim, por exemplo, que comemorou seus 50
anos, em fevereiro. Ele diz que a doação pode ser de objetos, de prestação de
serviço, do que a pessoa puder oferecer. "Não dá pra você cobrar tudo do
poder público. Se todo mundo fizer um pouquinho o mundo vai ser muito mais
fácil de viver", finaliza.