O SescTV estreia a série De Onde Se Vê, composta por 10
documentários, com duração entre 13 e 15 minutos cada, gravados a partir da
quinta edição do Mirada - Festival Ibero-americano de Artes Cênicas de Santos,
realizado no litoral paulista pelo Sesc São Paulo, no período de 5 a 15 de
setembro de 2018.
Com roteiro e direção de Luiz R. Cabral e curadoria e
entrevistas do crítico de teatro Welington Andrade, a produção ganhará destaque
no SescTV, a partir das 20h30, com os dois primeiros curtas-metragens:
Autoficções e Póeticas do Espaço.
Para discutir sobre as inquietações estéticas, sociais,
políticas, humanas e culturais geradas pela aproximação do teatro enquanto
fenômeno sociocultural ibero-americano, diversos profissionais da área foram
entrevistados. Dentre eles estão os atores brasileiros Caio Blat; Renata Sorrah
e Luiza Lemmertz; os diretores Antunes Filho e Bia Lessa, ambos do Brasil,
Chela Ferrari, do Peru, Jorge Ugo Marín e Heide Abderhalden, da Colômbia;
Edgardo Mercado, da Argentina, Javier Pérez Calcedo, do Equador, e Conchi León,
do México.
No documentário Autoficções, os diretores Sergio Blanco, do
Uruguai; Nelson Baskerville e Leonardo Moreira, ambos do Brasil, conversam
sobre o conceito de autoficção no teatro. Para Sergio, a forma autobiográfica
ficcional parte de algo real. “O interessante é ficcionalizá-la e criar
mecanismos de poetização que possam transformar essa realidade em outra coisa”,
explica. Nelson acredita que a modernização da ficção a afastou do humano. “Está
sendo necessário essa retomada para que a gente entenda que aquilo que está acontecendo
ali no palco é verdadeiro e pode ser artístico e teatralizado”, afirma.
Já Leonardo cita o espetáculo Ficção, dirigido por ele, para
comentar sobre o tema. Na peça, os
atores misturam suas histórias pessoais ao irreal. “A gente mostra a realidade
para valorizar a ficção”, expõe o diretor.
A produção traz trechos das peças: A Vida, com direção de
Nelson Baskerville, encenada pela Companhia Antikartática Teatral (Brasil);
Ficção, de Leonardo Moreira, com a Cia Hiato; e El Bramido de Düsseldorf, dirigida
por Sergio Blanco.
Em sequência, o documentário Políticas do Espaço aborda os
espaços cênicos da contemporaneidade a partir de entrevista com os diretores
brasileiros Bia Lessa e Luiz Fernando Marques (Libi); com o ator Caio Blat e os
cenógrafos Henry Alarcón, colombiano, e Márcio Medina, também brasileiro.
Para Bia, o homem não é o centro de tudo. “Eu tenho que
entender o espaço. O espaço é determinante”, assegura. Luiz Fernando confirma
este pensamento ao falar do patrimônio histórico como cenário, onde ruina e
abandono dividem o mesmo ambiente, fazendo com que o ator se destaque.
Henry comenta sobre o cenário que fez para peça Labio de
Liebre, considerado por ele como clássico por ter movimento e ser funcional, e
Márcio Medina explica o processo de criação do cenário da peça Corpos Opacos,
dirigida por Carolina Virguez e Sara Antunes.
Outro cenário comentado na produção foi construído pelo
arquiteto e urbanista Paulo Mendes da Rocha para o espetáculo Grande Sertão:
Veredas, dirigido por Bia Lessa. “Tem uma mega tecnologia, luz de cinema e, ao
mesmo tempo, é absolutamente elementar. É o teatro em sua forma mais elementar”,
explica Caio Blat.