Nova atração da Faixa da Meia-Noite, “TransMissão”,
apresentado pelas artistas trans Linn da Quebrada e Jup do Bairro, estreia nesta
terça-feira (11/06) no Canal Brasil. O programa entra na grade no lugar de
“Transando com Laerte”, primeiro talk show comandado por uma pessoa transexual
no Brasil, e faz parte da “Programação Especial do Orgulho LGBTQI” que o Canal
Brasil leva ao ar durante o mês de junho.
A trajetória da dupla Linn e Jup encantou os documentaristas
Claudia Priscila e Kiko Goifman, diretores de “Bixa Travesti” (2018), no qual
elas expõem suas rotinas e mostram como suas posturas nos palcos visam
desconstruir estereótipos de gênero, raça e classe. Kiko e Claudia também
assinam a direção de “TransMissão” e o programa tem como cenário um estúdio de
rádio que reproduz o que aparece no documentário.
A atração traz convidados para um bate-papo no qual questões
de gênero, sexo e raça são frequentemente abordadas, mas não limitadoras nas
conversas. O papo com Laerte Coutinho fala sobre transexualidade, mas também
aborda relacionamentos amorosos e religião. Com a funkeira MC Carol, elas
discutem a influência do rap na periferia e a descoberta da veia artística. A
deputada Erica Malunguinho fala sobre a dificuldade de pessoas trans em ocupar
espaços de poder, tanto na política quanto na academia, e a atriz Glamour
Garcia fala sobre aceitação da personalidade. Há espaço ainda para os músicos
Jards Macalé, Tom Zé e Letrux, o ex-prefeito Fernando Haddad, a cineasta Anna
Muylaert e o ex-jogador de futebol Vampeta, entre outros.
No episódio de estreia, Linn e Jup recebem a chef de cozinha
Paola Carosella. As três conversam sobre como Paola começou a cozinhar, sobre
ser o que se come e o que se digere, cozinhar como ato político, sobre a
relação dela com a mãe e com a filha e sobre a cozinha como lugar de cura.
“A cozinha para mim foi um local de cura e eu vi muitas
pessoas se reconstruindo e se curando dentro da cozinha. Na profissão mesmo,
como ninho que acolhe. Tem algo muito mágico. Existem muitas cozinhas e muitas
formas de ser cozinheiro e de cozinhar. O meu berço foram as cozinhas
profissionais, as cozinhas de restaurante. Eu não tive a cozinha acolhedora de
casa. O acolhimento pra mim veio de outra forma. Eu me senti muito acolhida, eu
senti que eu podia. E ao longo de muitos anos eu fui sarando feridas,
entendendo que eu estava errada em pensar de determinadas formas, parando de
idealizar a vida dos outros e olhando com mais amor para a minha. Você estar
bem alimentado cura”, explica.