Nesta sexta-feira (10/05), às 23h, o SescTV exibirá,
sequencialmente, os documentários Para Onde Foram as Andorinhas? (SP, 2015, 22
min) e Quentura (SP, 2018, 36m), ambos dirigidos por Mari Corrêa. As produções
integram uma seleção de filmes com o tema Territórios Indígenas, que aborda
diferentes etnias indígenas em diversas regiões do Brasil.
Os documentários Para Onde Foram as Andorinhas? e
Quentura mostram como os povos que
habitam o Parque Indígena do Xingu, em Mato Grosso, percebem e sentem em seu
dia a dia os impactos das mudanças do clima: seja em sua base alimentar, em
seus sistemas de orientação no tempo, em sua cultura material e em seus
rituais. Esses nativos estão preocupados com futuro de seus netos.
O primeiro documentário Para Onde Foram as Andorinhas? traz
como título o questionamento dos indígenas Kawaiweté, que vivem na parte sul da
Amazônia brasileira e consideram o aparecimento desses pássaros como prenúncio
de chuva. Mas, segundo eles, as andorinhas quase não aparecem mais. Isso porque
a reserva em que vivem é uma ilha cercada pelo desmatamento. Durante o filme,
um dos indígenas alerta às consequências das alterações climáticas e do calor
excessivo. “A mata está pegando fogo fácil. Aqui não se vê mais os animais como
antes. Hoje eu fico procurando as borboletas, elas já não vêm mais. ”, diz o
morador da floresta.
Hoje, no Parque Indígena do Xingu, em Mato Grosso, vivem
6.500 índios de 16 povos diferentes, que, com seu tradicional sistema de manejo
do território, garantem a preservação das florestas. Entretanto, no entorno do
parque a realidade é outra. Com 86% das florestas convertidas principalmente em
soja, milho e pasto, os últimos 30 anos foram de devastação ambiental no
entorno e as consequências no clima, nos animais, na agricultura estão sendo
sentidas pelos índios. “Agora era época de as cigarras cantarem, quando elas
cantam sabemos que a primeira chuva vai cair. Se elas não cantam, não começamos
a plantar nossa roça”, lamenta o índio, sobre a perda dos sinais da natureza que
marcam o tempo.
As alterações climáticas e suas consequências também são o
tema do documentário Quentura. Na comunidade de Acaricuara, no Amazonas,
indígenas denunciam um grande incêndio na mata, que durou cerca de três meses.
Segundo eles, o desmatamento contribuiu para que as pessoas contraíssem mais
doenças. “Depois dessa queimada deu muita malária, e os gafanhotos chegavam à
noite, muitos, coisa que eu não via por aqui”, diz uma moradora local.
Na terra indígena dos Yanomami - Amazonas, fronteira com a
Venezuela, na comunidade Maturacá, as plantações nascem ruins e morrem. O pajé
estranha o sol estar tão forte. “O homem branco não olha mais para a natureza.
Ele não liga mais para os espíritos, que estão cansados de aliviar os danos
causados às florestas. Eles agora cuidam de nós que somos Yanomamis, que somos
da terra”, afirmam os indígenas.
Em outra aldeia, na terra indígena Kaxinawa do Rio Jordão, o
povo Huni Kui, da comunidade Boa Esperança, localizada no estado do Acre -
fronteira do Brasil com o Peru, faz um alerta sobre a importância das reservas
indígenas. “Sabemos da luta pela demarcação da terra, porque sem ela os povos
indígenas não têm vida, saúde ou meio ambiente”, explica uma nativa da
comunidade. Segundo ela, seu povo fica vulnerável, com o retrocesso dos
direitos. Ela comenta ainda que a manutenção da floresta feita pelos indígenas
beneficia todo o planeta.