Com 73 anos de idade e mais de 50 de carreira, o ator Otávio
Augusto é o oitavo convidado da série “Atos”, produção da TV Brasil em parceria
com a Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), que vai ao ar neste domingo (20/01),
às 20h30. Entrevistado por um grupo de atores em formação, mediados pelo
professor e diretor teatral Antonio Gilberto, ele aprofunda a jornada pelas
artes cênicas.
Durante o papo, Otávio Augusto recorda o início da carreira
no Teatro Oficina, aborda seu processo de criação de personagem, analisa a
função do teatro e reflete sobre a crítica através do humor. "O teatro é
um comentário da vida. Ao mesmo tempo que incomoda algumas pessoas, é uma
distração", afirma.
Ele compara o ofício do ator em produções cênicas dramáticas
e de comédia. "Embora o humor seja mais difícil de se fazer, o drama exige
do artista uma disponibilidade interior muito grande", pondera.
"A forma mais fácil de criticar é pelo humor. Ele é uma
coisa muito própria da gente, brasileiro. O público aceita mais a crítica pelo
humor, através dos costumes, do que em uma peça séria, por exemplo", opina
Otávio.
Sobre seu processo de criação, o artista destaca como gosta
de abordar a construção de um personagem. "Eu procuro partir do princípio
que todo ser humano tem todos os lados: é mau, é bom, é tudo. Então dentro de
um texto vou encontrar momentos do personagem com determinadas facetas",
sugere.
O convidado também passa referências para o grupo, orienta
uma técnica de aquecimento para entrar no palco e é homenageado pelos
atores-alunos. Eles apresentam uma cena da peça "Ópera do Malandro",
de Chico Buarque, na qual o ator viveu o personagem "Max Overseas" na
montagem de 1978 dirigida por José Celso Martinez.
Durante a entrevista na série Atos, Otávio Augusto ainda fala
sobre a emoção que sente na interação com as plateias quando se está em cena.
"O ser humano é muito especial. Você nunca sabe como será a reação de cada
um", conclui.