Com mais de 1500 livros lançados e assinados por diferentes
pseudônimos, o escritor e roteirista de filmes, de histórias em quadrinhos e de
fotonovelas, Rubens Francisco Lucchetti, ou R. F. Lucchetti como é conhecido, é
o entrevistado no episódio Lugar de Livro é na Banca de Jornal, da série “Super
Libris”. O autor discute a literatura de bolso que, segundo ele, além de
funcionar como entretenimento, emociona o leitor. Com direção de José Roberto
Torero, a produção inédita será exibida nesta segunda-feira (12/11), às 21h, no
SescTV.
Lucchetti nasceu em 29 de janeiro de 1930, na cidade de Santa
Rita do Passa Quatro, interior de São Paulo. Tinha 12 anos de idade quando
publicou suas primeiras histórias. Sua especialidade são as pulp fiction (nome
atribuído, desde a década de 1900, às revistas feitas com papel barato e de
baixo custo). Para o escritor, esses livros populares, de bolso, vendidos em
bancas de revistas distraem, ajudam a amenizar os problemas do dia a dia das
pessoas e as fazem sonhar. “É uma espécie de escapismo”, acredita.
Abordando temas como terror, crime e mistério, com vampiros,
monstros e lobisomens como personagens, Lucchetti é considerado por muitos como
o “papa de pulp function” no Brasil. Contudo, muitas de suas obras não levam
sua assinatura. Segundo o autor, foi uma sugestão do proprietário da editora em
que trabalhava. “Sr. Rosemberg achava que eu era o maior escritor de terror do
Brasil. Ele falava: Você é um gênio, esquece os outros gêneros. Só que você vai
ter que por um pseudônimo”, recorda.
O paulista aceitou a proposta, mas confessa que ficou
aborrecido porque o editor chefe, Jaime Rodrigues, criava os pseudônimos juntando
nomes de atores com outros. “Usava analogia de autores femininos também. Eu
tinha a impressão que eu estava querendo copiar. Isso me incomodava”, expõe.
Dentre as denominações estavam Peter L. Brady, Theodore Field, Terence Gray,
Chrsitine Gray, Mary Shelby R. Bava, Frank Luke e Brian Stckler.
Lucchetti, que também escreveu roteiros para filmes do Zé do
Caixão, fala sobre o seu processo de criação; sobre a dificuldade que tinha de
encerrar uma história; sobre os métodos que usava para descrever uma cidade
fora do Brasil, que ele nunca conhecera; sobre seu primeiro romance de bolso, O
Ouro dos Mortos (1963); e sobre como são os personagens da literatura de bolso.
Além da entrevista, R. f. Lucchetti participa dos quadros Pé de Página, onde
mostra seu ambiente de trabalho e revela como e porque escreve; e Primeira
Impressão, no qual indica a leitura Jack, o Estripador (1911), de Gardner F.
Fox.
O episódio também traz os quadros: Orelhas, sobre a autora
inglesa Bárbara Catland, que escreveu 723 livros em seus 98 anos de vida;
Prefácio, com a colunista Cristiane Tavares, que sugere Bear, história em
quadrinhos com três volumes, da escritora Bianca Pinheiro; Quarta Capa, com o
youtuber San Adam, que comenta a série alemã de ficção científica Perry Rhodan,
publicada desde 1961; e Epígrafe, no qual Paulo Biscaia Filho, cineasta e
diretor da peça A Macabra Biblioteca do Dr. Lucchetti, inspirada na vida e obra
de R. F. Lucchetti, conversa sobre o processo de levar para o teatro a
literatura de bolso.