Nesta quinta-feira (12/07), às 21h45, a TV Brasil reexibe “As
cores da cidade”, edição do Caminhos da Reportagem que ficou entre os
vencedores do Prêmio Geneton Moraes Neto de jornalismo.
No movimento que ficaria conhecido como “Maio de 1968”,
estudantes de Paris picham os muros da universidade Sorbonne com palavras de
protesto contra o então presidente, Charles de Gaulle. As manifestações
repercutem pelo mundo e, no começo dos anos 1970, a paisagem urbana de Nova
Iorque já traz pichações e algumas das primeiras expressões em grafite. Na
mesma época, a cultura hip hop chega a São Paulo, onde o grafite ganha força
como instrumento de inclusão social e como arte urbana.
"Maio de 1968 foi realmente um marco divisório no mundo.
E repercutiu tanto em São Paulo quanto em Nova Iorque”, observa o artista
plástico Celso Gitahy, em entrevista ao Caminhos da Reportagem. “Os bairros
mais pobres de Nova Iorque, os bairros dos negros, dos imigrantes, são onde
surgiram esses primeiros grafites, essas primeiras imagens”, completa.
A equipe de reportagem consultou diversos especialistas sobre
as raízes do grafite e verificou que, desde o começo dos tempos, homens e
mulheres usam as paredes para manifestar suas indignações, angústias e
aspirações. E questiona o porquê de o grafite ter se tornado uma forma de
protesto das minorias.
"Ela (grafite) não é uma coisa da elite, não é uma
invenção da elite. É uma invenção daqueles que não tinham espaços
institucionais para se exibirem”, responde o diretor do Museu Nacional Conjunto
Cultural da República, Wagner Barja.
O programa mostra ainda que o grafite deixou de ser
território essencialmente masculino. Hoje, as mulheres usam o grafite para se
expressarem, de forma lúdica, sobre temas como violência doméstica e igualdade
de gênero. “Ocupar o espaço público é o mais importante de ser mulher e estar
no cenário da arte urbana”, defende a grafiteira J-Lo Borges, da Rede Nami,
organização não governamental que busca promover os direitos das mulheres por
meio da arte urbana.
Em São Paulo, o artista Alexandre Orion usa a sujeira da
poluição para desenhar caveiras nos túneis da cidade. Já o artista Tec usa
drones para registrar suas intervenções no asfalto. Este Caminhos da Reportagem
confere o efeito desses grafites na paisagem urbana.
A reportagem "As cores da cidade" obteve a terceira
colocação na categoria Videojornalismo do Prêmio Geneton Moraes Neto. O prêmio
– homenagem ao jornalista pernambucano Geneton Moraes Neto, falecido em 2016 –
valoriza o trabalho profissional de repórteres e técnicos que atuam em
televisão, premiando seis trabalhos nacionais com o tema "Memória e
Cidade." A banca julgadora pré-selecionou 66 trabalhos, que concorreram
nas categorias videojornalismo e texto jornalístico.