As técnicas e o mercado de dublagem nacional são os temas em
debate no programa “Mídia em Foco” desta segunda-feira (14/05), às 22h45 na TV
Brasil. A expansão da TV por assinatura, a chegada do vídeo sob demanda e o
aumento do consumo de animações e games aqueceram o mercado de dublagem no país
nas últimas décadas. O serviço também é exigido por meios tradicionais como o
cinema e a televisão aberta. Hoje, dezenas de estúdios, principalmente do Rio e
São Paulo, disputam clientes.
O Mídia em Foco mostra que a procura por conteúdo dublado
cresceu. Estudos indicam que a maioria dos brasileiros prefere a voz dos
dubladores ao áudio original. Mas o número de profissionais no Brasil ainda é
restrito para suprir essa demanda.
Para refletir sobre o segmento, o programa da emissora
pública apresentado por Paula Abritta recebe três especialistas na área: o ator
e jornalista Marco Antônio Abreu, o ator e produtor Herbert Richers Júnior e a
diretora de dublagem Zodja Pereira.
Para o ator e produtor Herbert Richers Júnior, o dublador
precisa assimilar a obra e o perfil do artista que está representado na série
ou filme que se vai dublar. "Você tem que respeitar a criação que tá lá.
Então, na verdade, o dublador é a marionete ao contrário. Você tem que se
deixar vestir pelo ator que você tá dublando", comenta o filho caçula do
lendário produtor e empresário que fundou um estúdio com seu nome em 1950.
O diferencial que os profissionais de dublagem precisam
exercitar para fazer um bom trabalho é comentado pelo ator e jornalista Marco
Antônio Abreu. "Um bom ator não necessariamente será um bom dublador.
Agora pra ser um bom dublador necessariamente você tem que ser um bom ator. Não
basta ter uma voz bonita, você tem que ter aquilo que o artista traz: a
verdade. Aquela coisa que sai dali de dentro", observa.
A atriz, dubladora e diretora de dublagem Zodja Pereira
critica a legendagem. "Filme não foi feito para ser lido, filme foi feito
para ser assistido! Cada vez que eu baixo os olhos para ler uma legenda eu
perco uma coisa importante do rosto do ator", afirma ao ressaltar a
relevância de se acompanhar nuances das cenas e das expressões faciais dos
personagens.
Os convidados comentam a liberdade de adaptação dos desenhos,
séries e filmes. Em geral, as produções permitiam essas modificações na
dublagem. "Se você for assistir uma das primeiras obras dubladas, o
seriado I love Lucy, era tudo adaptado. Nova York virava Copacabana, os nomes
também, mas isso se perdeu", conta Herbert Richers Júnior.
Sobre o assunto, Zodja Pereira comenta um exemplo nos
desenhos animados. "A série Manda-Chuva no Brasil tinha um dos gatos que
era nordestino. Hoje você já não tem tanta liberdade, não pode localizar e
precisa fazer exatamente o que está no ar", destaca.
Marco Antônio Abreu resgata a série mexicana
"Chaves" com uma série de exemplos seja relacionada aos espaços
físicos ou mesmo aos conteúdos de conversas. "O Chaves tinha várias
adaptações. Tem diálogos que tenho na memória até hoje e não esqueço. Eles
falam de Pelé, do Guarujá e de ônibus que circulavam no Brasil", lembra.