Nesta quinta-feira (12/04), às 21h45, na TV Brasil, o "Caminhos
da Reportagem" entrevista mulheres, especialistas, médicos e
representantes religiosos para traçar um panorama do aborto no Brasil.
Considerado um tabu, o aborto de gestação mobiliza a
sociedade civil e os meios político e judiciário – desde março de 2017 corre
uma ação no Supremo Tribunal Federal pedindo a descriminalização do aborto até
a 12a semana de gestação, em todos os casos.
O programa mostra como funciona o serviço de aborto legal
para os casos permitidos por lei: gravidez resultante de violência sexual,
risco de vida para a mulher e anencefalia. Correspondentes da TV Brasil nos
Estados Unidos, Portugal e Argentina ainda revelam como se dá o aborto legal
naqueles países.
Uma em cada cinco brasileiras com mais de 40 anos já se
submeteu a um aborto. Só em 2015, 500 mil gestações foram interrompidas de
forma voluntária em todo o país. Os dados da Pesquisa Nacional do Aborto revelam
que o procedimento faz parte da vida reprodutiva das mulheres, mesmo sendo
crime previsto em lei.
“Tudo o que eu mais queria naquele momento era fazer o
aborto, eu sempre tive total convicção. O que foi difícil foi o sofrimento
físico que aquela substância, aquela coisa que usaram em mim. E o medo de
morrer”, conta a jornalista Elizângela Silva Araújo. Casada e mãe de uma
menina, Elizângela está no perfil predominante de mulheres apontado pela
pesquisa: com um relacionamento estável e já com filhos. “Às vezes se imagina
que essa mulher vá ser uma adolescente inconsequente, uma mulher que não tenha
vínculos familiares”, afirma Gabriela Rondon, pesquisadora e advogada do
Instituto Anis.
O aborto está entre as cinco primeiras causas de mortalidade
materna. “É um número muito expressivo, os dados são relevantes para a saúde
pública. Descriminalizar o aborto é salvar a vida de muitas mulheres”, defende
a professora da Universidade de Brasília, Sílvia Badin. Para representantes do
Movimento Brasil sem Aborto, no entanto, a vida precisa ser defendida desde a
sua concepção.
“Do ponto de vista do direito, você pode debater se dou o
mesmo direito para um ser humano recém-constituído ali no momento da concepção,
ou só passar a dar direitos a esse ser humano em outro momento. Só que, pra
fazer isso, estamos lesando um ponto fundamental da nossa Constituição, que é
exatamente a igualdade entre todos”, afirma Lenise Garcia, presidente do
movimento.