Nesta quinta-feira (22/03), às 21h45, na TV Brasil, o
programa "Caminhos da Reportagem" visita Pará, Amapá, Distrito
Federal, Alagoas e São Paulo, a fim de investigar as diferentes realidades do
saneamento básico no país, cuja ausência ou precariedade é a causa de uma série
de doenças, impactos à sociedade e ao meio ambiente.
Dados do Instituto Trata Brasil – voltado para saúde pública
e preservação dos recursos hídricos – indicam que falta água tratada para mais
de 30 milhões de brasileiros. Apenas 42% do esgoto coletado é tratado. E o
banheiro ainda é inacessível para quatro milhões de pessoas.
Com pouco mais de 500 mil habitantes, o município de
Ananindeua (PA) ocupa a pior colocação no ranking do Trata Brasil de coleta e
tratamento de esgoto e distribuição de água. Somente 2,09% dos dejetos sanitários
da cidade são coletados. "Precisamos mesmo de ajuda, de socorro. Porque
isso não é condição de uma pessoa digna vir ter a sua moradia", exclama a
diarista Maricélia dos Santos, que mora em uma palafita sem coleta de esgoto
nem acesso a água tratada.
Já Franca, no interior de São Paulo, vive outra realidade. O
município ocupa o primeiro lugar no ranking do Trata Brasil em saneamento
básico. Por lá, 98% do esgoto é coletado e 100% dele é tratado. O contraste
entre Ananindeua e Franca pode ser observado também nos gastos com a saúde. De
2007 a 2015, Ananindeua investiu mais de R$ 20 milhões no tratamento de doenças
como diarreia e leptospirose, enquanto Franca gastou menos de R$ 500 mil no
tratamento da mesma doença no mesmo período.
Na cidade de Joaquim Gomes, interior de Alagoas, a falta de
saneamento básico afeta a vida nas escolas indígenas. Crianças estudam sem
acesso a água tratada e sem esgoto coletado. Os dejetos do banheiro vão para as
fossas, que estão cheias e ficam perto do poço, que deveria ser a fonte de água
potável.
"Não ter água potável, não ter acesso a saneamento e não
ter cozinha, por exemplo, dentro da escola, levam a uma redução de frequência
das crianças e uma percepção de que a escola não é um lugar que as acolhe da
maneira que elas merecem e devem ser acolhidas", afirma o chefe de
educação do Unicef no Brasil, Ítalo Dutra.