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MANCHETES

» 14/01/2018 - 23:10
Série no SescTV explora interior dos cortiços de São Paulo

O cortiço tornou-se um tipo de moradia conhecido pelos brasileiros na descrição do romance homônimo de Aluísio Azevedo, publicado em 1890. Um século transcorreu e os diretores Paulo Markun e Sergio Roizenblitz decidiram investigar como essas habitações têm resistido atualmente. O episódio Cortiço, da segunda temporada da série Habitar Habitat, se propôs a mergulhar nesse novo retrato. O SescTV estreia a produção nesta terça-feira (16/01), às 22h.

Autor de estudos sobre a recuperação de cortiços, o arquiteto Afonso Lopez explica que, em 1991, a Lei Moura estabeleceu para o município de São Paulo o conceito desse tipo de habitação: trata-se de um lote urbano com muitas edificações, compartilhado entre famílias e cujos cômodos assumem várias funções. “Em um cômodo você dorme, você cozinha e você tem sua sala de estar”, exemplifica Afonso.

O arquiteto relata que há uma abundância de cortiços no centro de São Paulo e comenta que seu morador padrão é o ambulante. A condição desses trabalhadores informais prevê uma barreira, porque “eles não têm trabalho registrado, que comprove renda para alugar uma casa”, explica a educadora Maria dos Anjos. A serviço do Centro Gaspar García de Direitos Humanos, ela trabalha para auxiliar os moradores de cortiços a aprimorar esses espaços, sugerindo-lhes dicas e garantindo-lhes uma condição de vida razoável.

O episódio de Habitar Habitat mostra que muitas famílias, para evitar um aluguel caro, acabam preferindo comprar o cortiço. Pagam pouco por uma infraestrutura desgastada. Mas, com o tempo, eles mesmos, se esforçam para reformá-la e melhorá-la. É o caso de Francisco, 34, morador do cortiço 13 de maio. Há 15 anos, ele comprou um terreno abandonado por R$ 200, à época de quando ainda servia como ponto de drogas. Hoje, após investir R$ 50 mil, garante, a propriedade vale R$ 150 mil. “Eu não vejo mais como cortiço, hoje vejo como um condomínio”, diz.

A característica central de um cortiço, para o bem e para o mal, é a coletividade. Como os moradores precisam viver em conjunto, dividem custos e investimentos, definem regras de convívio, fazem mutirão de limpeza; ajudam-se, vivem em comunidade. Mas há exceção a toda regra. Tatiane Moreira, 32, moradora do cortiço Canindé, na cidade de São Paulo, conta que, quando o tanque de lá entope, apenas ela se propõe a desentupi-lo. “Quando você pede ajuda, reclamam. É difícil, um espera pelo outro”, se queixa.

O episódio ainda revela como é comum aos moradores de cortiços presenciarem as disputas judiciais travadas com os proprietários e que tratam da possibilidade deles se efetivarem no imóvel, a partir de uma ação de usucapião. Também residindo no cortiço Canindé, Cristiana Pereira - a Índia - apavora-se com essa incerteza: “Agora a gente está aqui, mas não é seguro, estamos prestes a perder a moradia. Você está sem trabalho e sem dinheiro, se perder o único lugar que tem para morar, vai fazer o quê?”.

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