Em tributo a um dos mais importantes escritores e jornalistas
brasileiros, Carlos Heitor Cony, que morreu na última sexta-feira (05/01), aos
91 anos, o SescTV apresenta episódio da série Autor por Autor. Criador de 17
romances, além de crônicas e adaptações de clássicos da literatura universal,
Cony comenta sobre sua vida pessoal e profissional e fala sobre suas obras, nos
dias 12/1, sexta, às 18h, 13/1, sábado, às 19h, 14/1, domingo, às 16h e às 23h.
O programa conta com dramatizações dos atores Matheus Braga,
Tuca Andrada e Rosanne Mulholland. Traçando perfis de importantes
personalidades da literatura brasileira contemporânea, a série é uma coprodução
do SescTV com a TV Cultura de São Paulo, com concepção do jornalista Paulo
Markun e direção geral de Ricardo Elias.
Cony começou a atuar na imprensa em 1952, no Jornal do
Brasil, passando pelos principais jornais e revistas do país. Atualmente era
colunista do jornal Folha de S. Paulo e participava de programa da Rádio CBN
como comentarista. Era membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 2000
e durante a sua carreira recebeu importantes prêmios da literatura nacional,
como o Prêmio Jabuti, em 1996, 1998 e 2000, e o Prêmio Machado de Assis, em
1996.
No programa, Cony lembra que não foi fácil entrar para o
mundo das palavras porque tinha problema de dicção, ficando assim até os 15
anos. “Quando meu pai percebeu que eu não conseguia frequentar colégio, começou
ele mesmo a me ensinar”, revela. Anos depois, Cony passou a frequentar um
seminário, mas, apesar de ter gostado, não ficou por muito tempo por lá. Ele
recorda a dificuldade que teve ao encarar o mundo fora dali: falava latim, mas
não sabia tomar um bonde. “Quando eu escrevi o livro Informação ao Crucificado
(1961), eu me libertei do seminário”, conta. Essa obra foi o trampolim para sua
longa e diversificada carreira envolvendo a literatura.
Cony comenta que não se considera jornalista apesar de ter
trabalhado a vida toda nesta profissão, e garante que sua paixão sempre foi a
literatura. Segundo ele, o seu estilo de escrita é tido por muitos como
subliteratura. “Não tenho vergonha nenhuma de dizer isto: eu sou um escritor
memorialista”, afirma.
O autor acredita que o motivo que faz com que essas pessoas
desvalorizem esse gênero literário é a facilidade de apelar para a lembrança.
Cony também destaca alguns de seus livros, entre eles, Quase Memória, de 1996,
escrito após ter sonhado com seu pai, que já estava morto, e ter acompanhado a
doença terminal de sua cachorra Mila. A
obra alcançou mais de 400 mil exemplares vendidos e lhe rendeu o Jabuti de
Melhor Romance e o Prêmio de Livro do Ano. Ele também rememora seus textos e
protestos que participou na época da ditadura militar no Brasil.
No episódio, que traz dramatizações de trechos de obras do
escritor, Cony criança é interpretado pelo ator mirim Matheus Braga. Na fase
adulta, o autor é representado pelo ator Tuca Andrada. Rosanne Mulholland faz o
papel da mãe de Cony e Marat Descartes, o pai. Este também atua como o general
Costa e Silva e é o narrador da história.