A jornalista e colunista Sonia Racy entrevista nesta
madrugada de sábado (09/12) para domingo (10/12), à 0h15, pela Band, durante o
programa Show Business, Wilson Ferreira, presidente da Eletrobras, empresa
responsável por 31% da capacidade de energia instalada no Brasil.
Ferreira falou sobre os desafios da restruturação da
companhia. Ele explicou que, há 15 meses, a Eletrobras estava muito endividada,
com um nível de eficiência relativamente baixo, problemas ligados à governança
e compliance (divergência nos números apresentados no balanço). “Uma das
evidências foram nossas ações, 37% das quais listadas no Brasil, Nova Iorque e
Madri. No caso da bolsa americana, elas não estavam mais operando no pregão,
mas sim no balcão, com risco de serem desalistadas”, diz.
Segundo o executivo, após a conclusão da investigação do Ministério
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, os auditores externos da
empresa sentiram-se mais seguros de assinar o balanço, o que não era feito há
dois anos, e desta forma a companhia foi realistada em Nova Iorque. Desde
então, as ações americanas subiram para mais de 200%. Para isso, foi necessário
apurar o volume de perdas das subsidiárias e identificar as perdas e seu valor,
o que foi destacado no balanço do terceiro trimestre de 2016.
Outro tema da entrevista foi o caso da Angra 3. A Eletrobras
é a controladora e se colocou como assistente de acusação da investigação.
“Identificamos o malfeito, a polícia inclusive fez essa apuração, e os
dirigentes foram presos, todas as pessoas envolvidas, demitidas, as empresas
contratadas, que apresentaram falhas de conduta, foram descontratadas e, por
fim, a obra foi interrompida”, afirma.
Em virtude desses problemas, a companhia criou uma Diretoria
de Conformidade ligada diretamente ao presidente. Também implantou um enorme
programa de compliance e teve bons resultados. “A evidência é o número de
fraquezas materiais – contas passíveis de avaliação da auditoria, em
decorrência da qualidade do controle da companhia – que, no balanço de 2015,
eram seis e em 2016 caíram para quatro. Assumimos, em nosso plano de
restruturação, o compromisso de levá-las a zero em 2017”, defende.
A respeito da privatização, o presidente explicou que, na
próxima semana, o Ministério de Minas e Energia entregará um projeto de lei à
Câmara. “Está previsto, para o primeiro semestre do próximo ano, um debate no
congresso em relação a este tema, o que é uma obrigação. Há também a questão
das melhorias do setor, como o sistema de produção e distribuição de energia,
entre outros”, frisa. Ele salientou, ainda que, com a desestatização, o
consumidor será beneficiado, pois as tarifas tendem a cair. “É necessário fazer
uma campanha de esclarecimento para a população mostrando os benefícios”,
conclui.