A atriz mineira Teuda Bara é a entrevistada do “Conversa com
Roseann Kennedy” nesta segunda-feira (11/12), às 21h30, na TV Brasil. A
história do teatro mineiro está entrelaçada com a carreira da atriz Teuda Bara.
Nascida em Belo Horizonte, ela tem mais de 50 anos de palco e traz na bagagem
uma enorme quantidade de personagens do teatro, do cinema e da TV. Na década de
70, ela chegou a recusar um convite feito pelo próprio Chacrinha, para ser
chacrete. Em vez disso, criou o grupo de teatro Galpão ao lado dos atores
Eduardo Moreira, Wanda Fernandes e Antônio Edson.
A companhia que completa 35 anos, já se apresentou por todo o
Brasil e também em países da Europa, EUA, Canadá e América Latina. Como uma das
fundadoras do grupo que tem raízes no teatro popular, Teuda se orgulha de levar
a arte a lugares onde ela não chega. “O Galpão tem uma tradição. A gente faz
muitos clássicos. A gente gosta de ir por esse caminho com textos bonitos e
atuais”, diz.
Ela, que nunca frequentou cursos de formação teatral, iniciou
a carreira artística quando estudava Ciências Sociais na universidade, aos 20
anos. Abandonou o curso, mas nunca o teatro.
“Eu tô com 77 anos e tô viva, tô trabalhando... Os joelhos
estão ruins? Sim, estão. Mas eu tô viva, trabalhando, faço televisão, faço
cinema”, revela. Ao falar de seu mais recente espetáculo, “Nós”, que integra a
23ª montagem do grupo Galpão, Teuda fala das angústias e esperanças vividas
pela humanidade.
Partindo das reflexões sobre as diferenças, a violência, a
intolerância, sob um prisma político, ela faz um alerta para a necessidade de
ser solidário nos dias de hoje e desabafa: “A única dificuldade que a gente tem
mesmo é com o social, as desigualdades sociais são muito gritantes. Eu fui
professora primária então eu vi isso. O menino está sem material escolar e você
diz: mas você até hoje, está sem material? Aí ele fala: o meu pai está preso...
O que você faz? Faz uma lista e passa para os amigos, compra o material e dá
para o menino”, diz.
Teuda Bara, que tem o teatro como sua grande escola, relembra
os seus primeiros contatos com esta arte. “Eu nem ia ao teatro. Só os que a
gente fazia nas escolas. Eu fui ver teatro mesmo no circo. Porque no circo,
quando acabava os números, eles abriam a cortina e lá tinha o palco onde eles
faziam”, observa.
Teuda não imaginava que a magia do circo voltaria à sua vida
anos depois quando recebeu o convite para participar do espetáculo
internacional “K.À.”, do Cirque Du Soleil, dirigido por Robert Lepage. Sobre a
experiência, ela declara: “Eu adorei. É um mundo completamente diferente. Mas
era difícil também. Porque eram dois shows por dia e com folga dois dias na
semana... Eu gostava muito de fazer, de estar lá... Mas você cansa, porque eu
sou de teatro e eu tenho uma mente que quer fazer coisas...”.
Do picadeiro para as telas, a influência do circo não parou
por aí. No filme “O palhaço”, Teuda volta a atuar neste universo. Ao lado de
atores como Selton Mello e Paulo José, ela protagoniza o papel de Dona Zaira,
integrante de uma trupe de artistas que tenta manter o espetáculo vivo pelo
interior do país.
A atriz que já atuou em filmes como “Menino Maluquinho”, de
Helvécio Ratton, e “O Contador de Estórias”, de Luiz Villaça, fala da
importância de estar sempre em atividade. “Me convidam e eu vou. Eu já fiz
filme até de graça. Hoje eu não faço mais não porque eu estou muito velha”,
ressalta.
Na TV, depois de brilhar na novela “Meu Pedacinho de Chão”
(2014), na TV Globo, hoje, Teuda integra o elenco de “A Vila”, nova série
humorística de Paulo Gustavo no Multishow. Na trama, ela é dona Fausta, mulher
que vive a atormentar o filho, interpretado por Lucas Salles.
Sobre a diferença do teatro e da TV ela analisa: “Você não
entra pra televisão falando: -Ah, eu quero fazer esse personagem. Não! Quando
eles precisam de alguém, são eles que dizem: -Ah, acho que a Teuda podia
servir, será que ela pode? E se eu puder eu faço.”