"Uma autobiografia irracional". Foi assim que
Guimarães Rosa definiu seu "Grande Sertão: Veredas", um dos livros
mais importantes da literatura brasileira. Percorrer os cenários dessa obra tão
emblemática, que se passa no sertão de Minas Gerais, foi a chave para Juliana
Dametto Guimarães Rosa, sobrinha do autor, mergulhar na personalidade do tio,
dando origem ao documentário "Sertanias", que a GloboNews exibe neste
sábado (18/11), às 20h30. A produção marca os 50 anos de morte de Guimarães
Rosa.
O percurso é exaustivo. Os participantes acordam às 4h da
manhã e começam a andar às 6h. A média é de 30km por dia, com uma temperatura
que oscila entre o frio e o calor intenso. Eles partem de Sagarana, uma vila
que fica no município de Arinos, a 200km de Brasília, e a chegada é em Chapada
Gaúcha, na porta de entrada do Parque Nacional Grande Sertão Veredas. Pelo
caminho, além de veredas, chapadas e chapadões, Juliana e Alexandre encontraram
histórias comoventes, que mostram a universalidade e a atemporalidade da obra
de Rosa. Uma dessas histórias é a de Cida Miranda, que também participou da
caminhada e conta como o pai foi morto por um fazendeiro da região.
Quem leu o romance vai identificar as paisagens que aparecem
ao longo do documentário. Um dos maiores estudiosos da obra de Guimarães Rosa
também viajou com a equipe da GloboNews. O alemão Willi Bolle, professor de
literatura da USP, veio para ao Brasil em 1966, depois de se apaixonar por
“Grande Sertão: Veredas”. Ele já percorreu alguns roteiros do sertão mineiro
que aparecem no livro, mas é a primeira vez que conhece o Vale do Urucuia.