O “Mariana Godoy Entrevista” da última semana recebeu a
ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, pré-candidata da Rede
Sustentabilidade à presidência da República. Nesta entrevista do especial que o
programa realiza com os presidenciáveis, Marina afirmou que é hora de acabar
com a polarização política que, segundo ela, só faz mal ao país. A ex-ministra
questionou a legitimidade do governo Temer para realizar as reformas
Trabalhista e da Previdência e disse acreditar na sociedade para inaugurar um
novo ciclo no país.
Marina começou a entrevista rebatendo críticas de
internautas, que diziam que ela só aparece a cada quatro anos, em tempos de
eleições presidenciais. "Eu não tenho mandato, meu mandato de senadora
terminou em 2010. De lá para cá, eu venho fazendo o que eu sempre faço durante
esses mais de 33 anos de vida pública, atuando na defesa do meio ambiente, do
desenvolvimento sustentável, trabalhando como professora. O ano de 2015 eu
fiquei como professora associada da Fundação Dom Cabral, dando aulas, e tenho
meu trabalho de, enfim, sobrevivência. Graças a Deus, eu sou uma pessoa que tem
mais de 30 anos na vida pública, mas que quando termina o mandato volta para
sua condição de professora, porque vida pública não dá patrimônio para ninguém,
vida pública pode até dar prestigio, respeito, dignidade, mas quando começa a
aumentar o patrimônio fique desconfiado se a pessoa não tinha o patrimônio
antes”, revelou.
Sobre ter participado de conversas com nomes como Luciano
Huck e Joaquim Barbosa, a política observou: "Estou conversando com muita
gente e com diferentes setores, ouvindo muito as pessoas, porque a questão que
eu me coloquei foi a seguinte, qual é a maior efetividade da minha
contribuição? É sendo candidata novamente? Eu já fui por duas vezes. É dando
uma contribuição da sociedade? Estou fazendo essa reflexão já há algum tempo”, confidenciou.
Ao ser perguntada sobre quem apoiaria em um eventual segundo
turno entre Lula e Bolsonaro, a ex-ministra criticou os apressados: “É muito
cedo para eliminar os outros candidatos. A gente ainda está na pré-campanha e
já estão querendo eliminar as outras possibilidades? Acho que as pessoas estão
tão acostumadas com a polarização, que faz tanto mal ao Brasil, que elas já vão
direto para uma possível polarização de segundo turno. Esse é o momento de a
gente ser mais prospectivo, de buscar outras alternativas", frisou.
Marina ainda observou: "Infelizmente, o Bolsonaro é o
maior cabo eleitoral do Lula e o Lula acaba sendo o maior cabo eleitoral do
Bolsonaro, porque eles se retroalimentam”. Para ela, um se sustenta na
candidatura do outro e isso não é bom para o país: "O Brasil está
precisando de quem se sustenta em cima de propostas, em cima de ideias, em cima
do que pensa para o Brasil, não é em cima do adversário”, defendeu.
A pré-candidata da Rede Sustentabilidade criticou a
privatização da Eletrobras: “Qual é o plano dessa privatização? O governo está
dando um sinal. O mundo inteiro está correndo atrás das energias limpas,
renováveis e seguras. A China está investindo muito pesado em energia eólica,
os EUA, mesmo com as loucuras do Trump, estão mantendo a sua agenda de não se
deixar levar pela indústria do carvão, do petróleo e do gás e buscando as
alternativas das energias renováveis para que possa haver um processo de
descarbonização das economias globais. No caso do Brasil parece que a gente
está andando para trás”, ponderou.
A entrevistada se mostrou preocupada com as reformas
trabalhista e previdenciária propostas pelo governo de Michel Temer: "Em
primeiro lugar, é muito interessante que a população brasileira fique atenta.
Nós temos um governo que está se dispondo a fazer reformas, mexendo nos
direitos das pessoas, sem nenhuma credibilidade, sem nenhuma legitimidade, com
baixíssima popularidade, que é de apenas 3%, e um presidente da República que
está se vangloriando de que ele pode fazer isso porque ele não tem nada a
perder. Logo, a gente chega à conclusão de que quem está perdendo é a sociedade
brasileira. O Brasil precisa de reformas? Sim, mas não essa que está sendo
feita pelo atual governo, da forma como está sendo feita, ouvindo apenas um
lado, o lado do empregador, no caso da reforma trabalhista, no caso da reforma
da Previdência. E mais ainda, nem a Dilma e nem o Temer disseram que iam fazer
a reforma que está sendo feita agora. Eles não apresentaram sequer um programa
de governo quando concorreram às eleições. É preciso que o debate de 2018 diga
claramente para a sociedade, pelo menos em termo de diretrizes gerais, quais
são as reformas que precisarão ser feitas”, respondeu. Marina criticou: “Da
forma como está sendo feito, o governo está fazendo para se manter no poder e
eu até digo, o Temer não tem uma equipe econômica, é a equipe econômica que tem
o Temer”.