Dirigido por Kátia Klock e Lícia Brancher, o documentário
Brasil Orgânico (2013, 58min.) aborda a importância da alimentação orgânica e
os impactos ambientais e sociais na agricultura e na pecuária, a partir de
depoimentos de agricultores, agrônomos, empresários do mercado de alimentos,
nutricionistas e chefes de cozinha. A atração - produzida pela Contraponto, de
Florianópolis (SC) - estreia no SescTV no próximo sábado (18/11), às 22h, e
mostra a diversidade de ecossistemas e iniciativas em diversas regiões do País,
passando por estados como o Pará, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do
Sul, São Paulo e Mato Grosso do Sul.
O alimento orgânico é produzido ou cultivado utilizando
técnicas que visam a não degradação do solo, sem o uso de agrotóxicos, adubos
sintéticos ou fertilizantes químicos, respeitando a sociedade e o meio
ambiente. Mas como saber se realmente o produto não foi alterado? Segundo o
tecnólogo de alimentos Rafael Ferreira, desde 2006, quando o Brasil começou a
exportar parte de sua produção natural, é emitido o Certificado Orgânico.
“O certificado é muito mais que um simples selo de qualidade
da mercadoria, porque atesta desde a origem da matéria prima”, explica
Ferreira. “O orgânico não está só na questão de não ter nenhum tipo de
agrotóxico ou conservante, é uma cultura, uma questão social de como é feito o
produto”, completa. No Pará, o extrativista Jurandir Baião expõe o cuidado que
os ribeirinhos têm na colheita do açaí. “Colocamos o cacho em cima de um
plástico para não ficar na terra e usamos luvas para debulhar os frutos”,
afirma.
Na feira de produtos orgânicos do Parque da Água Branca, na
capital paulista, Fernanda Spacov, agrônoma da Ecocert Brasil - organismo de
inspeção e certificação -, fala sobre a relevância de outro documento, o Plano
de Manejo, que informa todo o planejamento de produção das mercadorias. “Desde
o que se está produzindo até o que se usa”, afirma.
O documentário visita a fazenda Sentinela do Sul, em Porto
Alegre - RS, que começou a produzir alimentos inalterados a partir de 1983, e
no passado foi um deserto químico. “Consumir orgânicos é apoiar a agricultura
familiar no Brasil, porque 80% desses alimentos vêm da agricultura familiar”,
comenta a nutricionista Elaine Azevedo. Em Itapira, no interior de São Paulo, o
empresário Pedro Paulo Diniz lembra que começou a produzir orgânicos na fazenda
da família em 2004, ao pensar em mais sustentabilidade. O agrônomo Osvaldo Viu
Serrano Jr. conta que investiram primeiro nas frutas orgânicas, depois em aves,
gado de leite e na infraestrutura para produção de laticínios e ovos.
Em Minas Gerais, o agricultor Cristovino Ferreira vive em um
assentamento agroextrativista, que tem como objetivo unir a questão da
preservação e do aproveitamento do meio ambiente. “Vai gerar renda e não vamos
desmatar”, diz. Segundo ele, ali há centenas de plantas medicinais que eles
procuram manter no local.
Brasil Orgânico destaca ainda a criação de gado pantaneiro
com critérios ambientais e o uso de alimentos orgânicos nas merendas de
escolas, no Mato Grosso do Sul; a procura crescente por alimentação saudável em
restaurantes de São Paulo; e a importância, para a agricultura familiar, de
cooperativas e de projetos como o PAIS - Produção Agroecológica Integrada e
Sustentável, que trabalha com técnicas de manejo simples e sustentáveis.