O “Mariana Godoy Entrevista” da última sexta-feira (20)
recebeu o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação Fernando Haddad
(PT/SP), mais um possível candidato à presidência da República. Nesta
entrevista da série que o programa realiza com os presidenciáveis, Haddad
garantiu que o PT não tem plano b e se mostrou confiante na candidatura do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele apontou os principais desafios do
próximo presidente da República e enfatizou a economia e a educação como áreas
prioritárias no país.
Questionado se já se acostumou à ideia de ser o plano b do
Partido dos Trabalhadores (PT) para concorrer à presidência da República caso
Luiz Inácio Lula da Silva fique inelegível, Fernando Haddad foi cauteloso: “Vou
responder essa pergunta delicada com muita sinceridade. O PT está 100% convicto
de que o presidente Lula concorre em 2018”. Ele continuou: “O PT está 100%
convicto do ponto de vista político, porque lidera todas as pesquisas, mas
também do ponto de vista jurídico”.
Diante da possibilidade de um outsider, uma pessoa de fora da
política, assumir o Planalto a partir das eleições de 2018, como Jair Bolsonaro
que, apesar de legislador, nunca teve uma experiência no Poder Executivo,
Luciano Huck ou Joaquim Barbosa, Haddad disse o que pensa sobre o assunto: “Eu
entendo o sentimento, mas acredito que o brasileiro não fará isso”, comentou. Ele
prosseguiu: “A minha opinião sobre o brasileiro é que na hora h ele vai tentar
compatibilizar experiência, quilômetro rodado, portanto, com honestidade, com
caráter, com valores e eu penso que ele vai tentar encontrar no sistema
político pessoas que representem essa agenda. O risco de alguém de fora, sem
experiência, num momento de crise é absoluto. Você pode até se sentir
familiarizado com alguma pessoa, simpatizar com alguma pessoa, mas o risco de
você eleger um presidente num momento de crise aguda sem nenhuma experiência é
a mesma coisa que escalar o Luciano Huck ou o Bolsonaro para entrar nos 7 a 1
contra a Alemanha, vai virar 12 a 1. Nós estamos num momento de crise, não
adianta buscar gente inexperiente para resolver os problemas dramáticos que nós
estamos vivendo, tem que ser gente que entende do riscado, que tem quilômetro
rodado, que tem bagagem para resolver. Os problemas que nós temos para
enfrentar não são simples e se a gente abrir mão de bagagem, se a gente abrir
mão de estofo nessa hora, nós vamos estar assumindo um risco desnecessário”,
disse.
O ex-prefeito de São Paulo disse se crê na chance de Jair
Bolsonaro se tornar presidente do país: “Eu acredito que ele vai ter votos em
função do clima que está no país. Nós estamos com um tecido doente, isso gera
sintomas, na minha opinião o Bolsonaro é um sintoma de um problema que estamos
vivendo. Então, nesse sentido, eu acredito que ele tenha intenção de voto, mas
não como a cura, ele vai agravar o problema, ele não vai curar o problema, mas
ele vai ter votos. Agora, daí a chegar à presidência eu acho que o Brasil pode
mais, muito mais do que isso”, frisou.
O ex-prefeito da capital paulista criticou João Doria ao ser
questionado sobre a farinata, chamada por muitos de ração humana, produto
apresentado pelo atual gestor da cidade como um alternativa para combater a
fome da população mais pobre da cidade: “A atual administração, da gestão
Doria, cortou um programa de suplementação alimentar que tinha 20 anos, que era
o Leve Leite. Posso até defender com mais liberdade, porque não foi nem de uma
administração do PT, não foi nem Erundina, nem Marta e nem eu, foi Paulo Maluf
que fez, Leve Leite, tinha 20 anos. Cortou a suplementação alimentar alegando
que as crianças estavam obesas, que as crianças não precisavam de suplemento.
Aí você corta o leite e introduz a ração, a farinata, que nome tenha. Eu não
consigo ver consistência nessa decisão. O que eu vi foram famílias reclamando
do corte do leite”, salientou.