Há dezesseis anos ele sobe aos palcos para tirar do público
boas risadas. O ator e comediante Felipe Gracindo foi o primeiro brasiliense a
vencer o Prêmio Multishow de Humor em 2016 e desponta como um dos grandes
talentos da comédia do país. O humorista é o convidado desta segunda (18/09) do
programa “Conversa com Roseann Kennedy”, às 21h30, na TV Brasil.
Junto com mais três amigos, Rodolfo Cordón, Benetti Mendes e
Frederico Braga, ele fundou, em 2001, a Cia. de Comédia G7 que se transformou
numa grande família. Desde então são mais de 30 peças encenadas, cinco prêmios
nacionais e raros os fins de semana em que eles não estejam nos palcos. Neste
bate-papo com a jornalista Roseann Kennedy, Felipe fala de seu trabalho
corporal que encantou o público e sobre o dom de fazer inúmeras imitações.
Sobre essas paródias, ele relembra que tudo começou no tempo
de escola, quando fazia imitações na fila da cantina. “Eu imitava o dinossauro
na escola, eu entrava na lanchonete pra fazer a galera rir... Isso foi o
precursor. O que me fez acabar indo para o teatro foi essa energia de fazer
imitação, de brincar com as pessoas, esse lado corporal que eu uso muito no
teatro”, comenta.
Para Felipe, a comédia corporal foi a maneira que ele
encontrou para se conectar com as pessoas. Diz que as imitações e o trabalho
com o grupo G7 surgiu na sua vida como diversão. “A gente queria se divertir
final de semana. E como éramos criativos para contar histórias, foi a forma que
a gente achou pra mostrar isso... Tem gente que faz música, faz uma banda e
toca com a galera, toca em barzinhos. Então a gente começou a se apresentar por
pura diversão”, confidencia.
Dessa grande parceria surgiram espetáculos irreverentes como
“Casais felizes emagrecem juntos”, “Manual de sobrevivência ao casamento” e o
clássico candango “Como passar em concurso público”. Para Felipe, as peças
estão sempre retratando diferentes fases da vida em que o processo de criação
leva em conta a identificação com o público trazendo à tona os temas do
cotidiano. “É dessa realidade que as pessoas riem. E a gente tá precisando rir
um pouquinho nesse Brasil nosso”, frisa.
E quando trata da inspiração para os personagens das peças,
fica claro que ela pode vir de várias fontes. Felipe revela que muitas delas
vêm da observação do cotidiano. “O artista é um para-raio da sociedade, você tá
sempre antenado. Por isso que a gente não consegue viajar e se desconectar
100%. Numa viagem, uma pessoa diferente, um lugar diferente, um jeito de falar,
uma comida, tudo isso serve de alimento, de subsídio pra você criar coisas
novas”, observa.
Para ele, o teatro é uma verdadeira escola em que é possível
ter o privilégio da experimentação e ainda a interação com o público. “No
teatro, você coloca as suas ideias e você tem a plateia como seu diretor
imediato, principalmente na comédia”, salienta.
Quanto a investir em novos veículos como televisão e
internet, mídia que o grupo G7 pretende apostar mais, Felipe diz que nada se
compara a ter liberdade de criação. E afirma que essa é uma das grandes
preocupações do grupo teatral. Ele defende a internet como um espaço mais
democrático.
“Muitas vezes na televisão, você não pode falar tudo aquilo
que você quer. Você tem que seguir um padrão, ou molde que um programa quer
passar. Já na internet, não. Você faz aquilo que você realmente quer. E muitas
vezes quando você faz aquilo que você realmente quer, tem muita verdade dentro
daquilo ali. E essa verdade é o que toca as pessoas”, avalia.