O “Esporte Fantástico” deste sábado (16/09), às 10h15, na Record
TV, exibe reportagem inédita sobre o assédio sexual nas categorias de base do
futebol brasileiro. O programa foi até Ribeirão Branco (SP) e conversou, com
exclusividade, com os pais de crianças vítimas de abuso sexual em um projeto
voluntário que tinha como objetivo treinar garotos que sonhavam em ser
jogadores, mas culminou com um desfecho que chocou o País.
Atuando como treinador, Altamir Pontes de Matos, de 34 anos,
foi acusado de abusar de pelo menos 17 menores de idade, entre oito e doze anos
- 11 estupros foram confirmados pelo IML (Instituto Médico legal) e outros
casos foram relatados como masturbação, assédio e sexo oral. O trauma foi tão
grande na comunidade que alguns pais só aceitaram falar sobre o assunto sem
serem identificados.
“A gente ficou doido da cabeça. Imagine um lugar pequeno
desses acontecer um fato que aconteceu aqui, né? A gente trabalhava e não sabia
o que se passava com as crianças. Elas chegavam e falavam que iam jogar bola. Dói
muito, porque eu tive sete filhos. Trabalhando na roça como eu trabalho eu
nunca imaginaria que fosse acontecer com meu filho uma coisa dessas. Eu quero
que ele sinta na pele tudo o que ele fez pro meu filho”, revela uma mãe.
Segundo o delegado Lucio Antônio Barbos, Altamir atraia os
garotos para sua casa oferecendo dinheiro, cheque, presentes como camisetas,
shorts, tênis, sapato, enfim, tudo aquilo que uma criança humilde, simples, não
tem. Lá aconteciam as violências sexuais.
Ivete Rodrigues Ferreira, mãe de uma das vítimas, fez questão
de mostrar o rosto e falou sobre a tristeza de ver o sonho do filho em ser um
atleta profissional ser destruído de forma tão brutal: “Está trazendo uma
raiva, um ódio muito grande dentro de mim que está sendo complicado. Fiquei
quatro dias sem comer e beber por causa desse homem. Estou sofrendo por todas
as crianças, não só pelo que aconteceu com meu filho. Ele tem que pagar por
tudo o que fez, nem que ele fique duzentos anos na cadeia vai pagar o nosso
sofrimento”.
O caso veio à tona graças a uma funcionária de uma escola que
desconfiou da conversa dos alunos. Adriana de Moraes, diretora da instituição
de ensino, revelou: “Ela viu o teor das conversas e percebeu que tinha algo
errado. Ela procurou imediatamente a gestão da escola e a coordenadora falou
com um aluno. Esse aluno começou a conversar com a coordenadora e relatou tudo
o que estava acontecendo”.
Adriana ainda conta que Altamir chegou a oferecer os serviços
para a escola. “Ele nos procurou em fevereiro e eu já não permiti que ele
entrasse. Ele queria entrar na escola e convidar o 4º e 5º ano, que é o perfil
de alunos que ele buscava nos treinos de futebol e eu não confiei nele”, disse.
O esportivo também exibe uma entrevista exclusiva com Sandro
Hiroshi, ex-jogador do São Paulo. Atualmente, ele é um dos responsáveis pelas
categorias de base do Rio Branco de Americana. Ao programa, ele revela que
alguns atletas do clube já foram assediados e que teve que mudar o local do
alojamento dos garotos para evitar outros casos semelhantes.
“Os garotos ficavam em outro alojamento e o trajeto da escola
entre ida e volta passava por uma rua escura, com movimentação de pessoas
perigosas. Era muito perigoso para eles. Alguns já foram assediados. Por isso,
nossa preocupação de mudar para outro alojamento, para não ter esse problema”,
ressaltou.