O ‘Globo Repórter’ desta sexta-feira (15/09) conta as
histórias de brasileiros que se dedicam a construir um país melhor. Um exemplo
é o corretor de imóveis Sérgio, que há 11 anos sai de casa todos os dias,
quando ainda está escuro, para levar crianças e adolescentes em tratamento de
câncer de casa até o hospital. São 21 quilômetros diários de Simões Filho, uma
das cidades mais violentas da Bahia, até Salvador. Atualmente, 28 crianças
aproveitam essa carona.
Médicos do hospital Martagão Gesteira valorizam o trabalho de
Sérgio e dizem que, se não fosse por sua ajuda, muitos pacientes não se
tratariam por falta de recursos para pagar pelo transporte. A ajuda de Sérgio
ajudar não se limita à carona: graças às doações que recebe da vizinhança, ele
e a mulher transformaram a casa em um abrigo onde os ‘caroneiros’ podem comer,
brincar ou apenas descansar.
Em Pilares, na zona norte do Rio de Janeiro, o professor
Artur Ricardo realizou, há seis anos, o sonho de ter um projeto social para que
as crianças tenham acesso ao tênis, um esporte considerado de elite. Sem
auxílio de verba pública, 40 crianças treinam na quadra localizada embaixo de
um viaduto, e a lista de espera já tem mais de 120 nomes. O sonho só foi
possível graças a ajuda de uma empresa do bairro, que doou a rede e fornece
lanches e uniformes, e de um comerciante, que doou 300 raquetes.
O primeiro objetivo do professor é a inclusão social, mas ele
também procura dar uma estrutura aos atletas que se destacam. Como o menino
Cauã, melhor aluno do grupo. Duas vezes por semana, ele treina no Fluminense,
em uma parceria do projeto com o clube das Laranjeiras, e ainda ganhou uma
semana em uma academia de tênis nos Estados Unidos. Será a primeira viagem
internacional do pequeno atleta e do monitor João Gabriel.
Na periferia de Fortaleza, Joelma transformou a tragédia de
perder um irmão em solidariedade e amor ao próximo. Uma vez por semana,
voluntários preparam uma sopa, feita com ingredientes doados, para centenas de
famílias. Além da sopa, todos os que vão até a “Casa do João” ganham um saco
com legumes e verduras.
O local nasceu da dor de Joelma quando seu irmão, João,
morreu no dia em que completou 28 anos, ao reagir a um assalto. Foram os
sorrisos e agradecimentos que deram ânimo ao pai do jovem para seguir a vida. Em
uma parceria com a Prefeitura, uma creche também funciona no terreno da “Casa
do João”. A construção ainda não está pronta, mas 72 crianças já estudam e
brincam no local diariamente.
O programa mostra, ainda, a iniciativa do administrador
Godofredo, que criou um curso preparatório para concursos públicos em Brasília,
onde cerca de três mil alunos já estudaram gratuitamente. E a dos doutores João
Paulo Ribeiro e Rubem Ariano, criadores do Instituto Horas da Vida, onde
profissionais da saúde doam horas de seu dia a pacientes que não podem pagar
pelas consultas.
Cerca de 1.800 profissionais, de 38 especialidades, conciliam
o trabalho com a ação voluntária. “Não estamos aqui para competir com o SUS,
nem pra ser um plano de saúde, mas para diminuir as lacunas”, explica o Dr.
João.
No Rio de Janeiro, Andrei e Mausy, pais do jovem estudante
Alex Shomaker Bastos, morto aos 23 anos em um assalto enquanto esperava
transporte na saída da faculdade, transformaram o local da morte do filho. Além
de pintarem o ponto de ônibus de branco, montaram uma estante com livros, para
provar que violência se combate com educação. “A dor indescritível da perda de
um filho fez com que eu reagisse de uma maneira construtiva, procurando forçar
a transformação da nossa realidade”, conta o pai do jovem.
O ‘Globo Repórter’ vai ao ar na TV Globo, depois da novela ‘A
Força do Querer’.