Convidada do “Espelho” nesta segunda-feira (21/08), às 21h30,
pelo Canal Brasil, Drica Moraes abre o coração para o apresentador Lázaro Ramos
ao falar sobre maternidade, carreira, fama e a cura da leucemia, doença que
enfrentou em 2010, e pela qual precisou se submeter a um tratamento de medula
óssea. A seguir, alguns trechos da
conversa.
Matheus: Filho é sempre prioridade, criança tem um dia que
vai embora, né? Bate aquela porta e vai embora ser o que quiser. É tão
precioso, tão raro, tão bom. Depois que Matheus nasceu eu faço balanço o tempo
todo de tempo e prioridade. Estou enfiada em coisas com ele, estou brincando
tanto, tabuleiro, carta, história, livro, contando tanta história que eles
começam a ler, ler para eles é uma aventura tão maravilhosa...
Maternidade: Mudou tudo. Fiquei mais atenta, mais no
presente, assim, muito mais no presente, extraindo, aproveitando muito, essa
coisa de ser exemplo, né? Você tem que estar muito conectado para não falar
algo que você não é, falar da boca para fora, ser você, porque você erra,
ensina errado. Me deu mais uma concretude de ser verdadeira, ser inteira no
momento.
Início da carreira: Eu tinha uma exibição, uma vontade de
botar os bichos pra fora, uma coisa que o jovem precisa de extravasar, mostrar,
expor, quebrar a cara, eu tive muito no meu começo, voltava com o pé preto do
Tablado, sempre metida com cenário, figurino.
Eu fui acontecendo, fui fazendo peças, novelas, com 17 anos
fiz “Top Model”. Eu escrevia as minhas cenas, mandava pro (Antonio) Calmon,
autor da novela, deixava na portaria da Globo. Escrevia cartas para a minha
personagem.
Sucesso: É quando você começa a reparar que não pode sair com
a roupa furada, despenteada. Eu sempre fui muito hippie na maneira de ser, meio
do mato, nunca fui explosiva. Agora o Matheus fala: “Mãe, para de falar com
todo mundo na rua”. Eu sempre gostei muito de ônibus, metrô, circular pela
cidade. Aí você começa a sentir que está sendo observado, mais do que
observando.
Falar da leucemia: É página virada. Tem seis anos, é um
marco, o tempo vai passando e você vai se distanciando daquilo e a vida vai
renovando, o tempo vira um grande aliado, sabe? Você perde todos os medos de
envelhecer, as vaidades com o tempo passando, e você ir se transformando. É tão
bom sobreviver a uma coisa grave porque você ganha um bônus, sabe? Parece que
você sai do outro lado com uma poupança garantida de como aproveitar a vida
melhor.
Transplante de medula: Existe o Redome - Registro Nacional de
Doadores de Médula Óssea, um centro de doação de medula óssea, é um trabalho
lindo. Eu fui salva por uma pessoa do interior do Mato Grosso, eletricista, que
virou meu amigo, meu irmão, Adilson, que se inscreveu no Redome no dia que estava
fazendo um curso de jangada, passou um SUS no rio perto da casa dele e ele se
inscreveu, um milagre da vida, muito legal o jeito que as coisas acontecem, com
afeto e a permanência.
Otimismo: Ai, cara, muito louco. Quando você está naquele
túnel sem fim, não tem muita saída, ou você trabalha ou você sucumbe, é um
negócio muito louco, uma experiência muito única e linda, quando você vê que
está se curando de um monte de coisa que tem botar pra fora, que tem que mudar
na sua vida, começa a fazer um trabalho amplo e sincero, vem muita alegria e
muita esperança.
Solidão: A solidão assusta, mas é o lado salvador. É você com
sua carcaça, seus músculos, seus órgãos, sua pele que vai tomar formas que você
não controla e domina, e a gente tem muito medo desse contato.