A equipe do programa “Caminhos da Reportagem” desembarca no
Oiapoque, no extremo norte do Amapá, para mostrar como é a vida da população do
município que faz fronteira com a Guiana Francesa. A matéria especial vai ao ar
nesta quinta-feira (17/08), às 22h, na TV Brasil.
Com pouco mais de 24 mil habitantes, Oiapoque fica a 600
quilômetros de Macapá, capital do estado. Parte da estrada ainda não é
asfaltada, o que dificulta ainda mais o acesso terrestre à cidade, cercada por
águas e florestas. Os barcos são o principal meio de transporte e é por meio
deles que muitas crianças atravessam o rio Oiapoque todos os dias em direção à
escola, que fica em San George, na Guiana Francesa.
Os moradores de Oiapoque contam no programa da TV Brasil como
é a rotina, os prazeres e os obstáculos da vida no extremo norte do país. Além
da dificuldade de acesso aos grandes centros, a população enfrenta problemas e
comunicação e escassez de energia elétrica. Há localidades que ainda não contam
com serviços de telefonia e de internet.
Já a eletricidade é disponibilizada por apenas algumas horas
dos dias e das noites. José Maria Bararoá, líder comunitário da Vila Nova do
Taparabu, distrito de Oiapoque, afirma que a maior dificuldade dos moradores da
comunidade está no acesso aos serviços de saúde.
Nos arredores de Oiapoque e na fronteira com a Guiana
Francesa, o “Caminhos da Reportagem” acompanha o trabalho do Exército
Brasileiro para inibir e combater diversos crimes ainda muito comuns, como
tráfico de pessoas e de drogas, extração ilegal de ouro, barcos de pesca sem
documentação e brasileiros em situação irregular.
Em algumas operações, a atuação é realizada em conjunto com a
Legião Estrangeira, unidade militar da França. Durante a viagem, a equipe de
reportagem também conhece familiares de integrantes do Exército Brasileiro que
decidiram abandonar a vida agitada de grandes cidades e optaram por uma vida
mais tranquila no Oiapoque.
O programa vai mostrar, ainda, a situação da Ponte
Binacional, que liga o Brasil à Guiana Francesa. A obra levou mais de 20 anos
para ser construída e custou mais de R$ 30 milhões ao Brasil. Paulo Gustavo
Pellegrino Correa, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal
do Amapá, explica que entre os empecilhos para o uso da ponte estão as
barreiras físicas e econômicas.
Segundo o pesquisador as barreiras físicas ocorrem em razão
da dificuldade de acesso, das más condições da estrada para se chegar a
Oiapoque, o que prejudica a questão logística e de transporte de produtos que
poderiam ser exportados; e econômicas em razão do alto custo de um seguro
obrigatório exigido para que carros possam circular pela Guiana.
“A ponte, apesar de simbolicamente ser muito interessante,
ela precisa ainda mostrar a que veio, não sei se mostra. Ela tem uma beleza
estética e uma beleza simbólica, mas não sei se tem um uso prático e se ela vai
ter. Isso é um desafio”, afirma.