O “Mariana Godoy Entrevista” da última sexta-feira (14/07)
foi ao Rio de Janeiro para conversar com o relator do primeiro parecer sobre a
denúncia contra o presidente Michel Temer feita pela Procuradoria-Geral da
República. O autor, o deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), é advogado e pertence
a uma família tradicional do Rio de Janeiro.
Para falar sobre como se sentiu ao ter o parecer rejeitado,
Zveiter citou sua participação em outra comissão da Câmara: “Ninguém gosta de
participar de uma Comissão de Ética, que vai punir um parlamentar”, disse. Ele
se referia à experiência que teve na cassação do mandato do ex-deputado Natan
Donadon (RO). Zveiter disse ter ficado contrariado quando, na primeira
tentativa, o plenário da Câmara optou por não cassar os direitos de Donadon
após votação secreta. O parlamentar admitiu que pensou em renunciar ao seu
mandato. O deputado falou sobre algo que considerou uma vitória neste caso: “Conseguimos
aprovar o voto aberto na Câmara”.
Zveiter foi, então, relator pela segunda vez na CCJ e o
mandato do ex-deputado de Rondônia foi cassado. Depois de expor essa situação,
ele falou sobre a denúncia contra o presidente Michel Temer e garantiu:
"Eu já sabia que o resultado ia ser desfavorável”. Zveiter explicou o
motivo para ter essa crença e minimizou o fato: "Não foi surpresa".
Sobre os 12 deputados que foram tirados da CCJ, ele alertou: "Eles vão
votar no Plenário, por isso até que eles adiaram para agosto”. Sergio Zveiter
chamou a vitória do governo de artificial e passageira e avisou: “Eles estão
comemorando, mas agosto está aí".
Questionado sobre a reação popular à rejeição de seu parecer
na CCJ, Zveiter disse não ter pesquisas sobre o assunto. O deputado,
entretanto, citou as redes sociais como termômetro para medir a repercussão dos
últimos fatos em Brasília. Ele garantiu que as manchetes jornalísticas não
influenciam os votos dos parlamentares e disse acreditar que a maioria deles
vota de acordo com a consciência. Zveiter fez questão de deixar claro que,
tivesse apurado não haver indícios de crimes, teria recomendado a não
admissibilidade da denúncia.
O deputado falou sobre a repercussão negativa de seu parecer
dentro do PMDB e comentou as críticas pesadas que teria recebido no grupo de
WhatsApp do partido: "Me chamaram de traidor, de vagabundo. Isso tudo eu
relevei. Mas um deputado, o deputado Perondi [Darcísio Prendi - PMDB/RS], ao se
referir ao meu voto, falou que eu estava fazendo apologia ao nazismo e ao
fascismo e eu sou o único judeu hoje no exercício do mandato na Câmara, esse eu
não pude deixar sem resposta”. Sergio Zveiter garantiu que tomará “medidas
cabíveis” contra o colega.
Ao ser perguntado se acha que Rodrigo Maia será presidente,
Zveiter ponderou: "Ano que vem tem eleição para presidente da República. O
Rodrigo Maia, como eu e qualquer cidadão que preenche os requisitos, pode
concorrer a presidente e ele, se a população entender que deve ser presidente
da República, é só concorrer, ser votado e a partir de 2018 é ele”. Com relação
a um possível afastamento de Michel Temer, Zveiter preferiu não emitir opinião.