O “Caminhos da Reportagem” desta quinta-feira (22/06), às
22h, na TV Brasil, conta a história de sobreviventes do Holocausto. O programa
entrevista pessoas que viveram os horrores da perseguição, dos campos de
concentração e perderam suas famílias, suas pátrias. Muitas dessas vítimas
recomeçaram a vida em outros países, como o Brasil, e se dedicaram a relatar
essa tragédia.
"Quem tem a oportunidade de conversar com um
sobrevivente acaba sendo uma testemunha também. Porque eu sou testemunha de ter
conhecido um sobrevivente. Então, quem tiver a oportunidade, é bom se apressar
porque sobreviventes estão ficando velhinhos e não duram para sempre". A afirmação
de José Jakobson, filho de um sobrevivente do Holocausto, revela a importância
de ouvir a história diretamente de quem a viveu. Com esse objetivo, o Caminhos
da Reportagem ouve sobreviventes de um dos maiores genocídios que o mundo
presenciou.
O Holocausto matou onze milhões de pessoas, 6 milhões só de
judeus. Muitos dos sobreviventes fugiram para o Brasil, além de outros países,
antes, durante e depois da Segunda Guerra Mundial. Chegaram aqui debilitados,
com sequelas físicas e psicológicas.
"A ideia dos alemães era que nenhum judeu iria
sobreviver à presença deles. Feroz mesmo! No fim da guerra eu estava pesando,
quando já tinha comido, uns 30 quilos", conta Nanette Konig, judia
holandesa que sobreviveu ao nazismo.
Ela foi colega de escola de Anne Frank, a menina judia que
ficou famosa por escrever um diário enquanto vivia em um esconderijo com a
família. As duas se reencontraram no campo de concentração. Anne Frank, assim
como a família de Nanette, não sobreviveu.
A equipe da TV Brasil conversa com outros sobreviventes que
testemunharam os horrores dos campos de trabalho forçado e de extermínio.
"Lá em Auschiwitz foi feita uma segregação. Um vagão ia para a morte, para
o crematório, e o outro vagão ia para campos de trabalho. Se eu tivesse má
sorte de estar no vagão que iria para a morte, não tinha me salvado",
afirma o judeu polonês, Julian Gartner.
Durante a guerra, os judeus e outros grupos perseguidos, como
negros, ciganos, homossexuais e inimigos políticos, enfrentaram a fome, o frio,
a perda da identidade, da família, da saúde e da vida.
A atração jornalística recebe Anita Prestes, filha do
comunista brasileiro Luiz Carlos Prestes com a judia alemã Olga Benário. Anita,
que nasceu enquanto a mãe estava presa, se considera "filha da
solidariedade internacional", uma vez que foi libertada depois de uma
campanha envolvendo vários países.
Também participa do programa, Salvador Haim, filho de um
ex-prisioneiro que fez vídeos dentro de um campo de concentração na Bulgária. O
feito, considerado inédito pelo Museu do Holocausto de Washington, contém
imagens da rotina em um campo de concentração. "Mostra o pessoal
trabalhando, quebrando pedra, afiando ferramenta, pondo dinamite para estourar
pedra. Como ele fez o filme, quem autorizou, isso a gente não sabe", narra
Salvador.
O Caminhos da Reportagem também visita lugares de preservação
da memória dos sobreviventes, como o Museu do Holocausto em Curitiba, que reúne
documentos, fotografias e objetos dos judeus que vieram para o Brasil.
Na Argentina, o programa visita o Centro Simon Wiesenthal,
que leva o nome de um dos mais famosos caça-nazistas do pós-guerra. O
jornalístico da emissora pública ainda mostra como os alemães lidam com esse
capítulo da história, seja no currículo escolar, seja com projetos como as
"pedras de tropeço, intervenções artísticas espalhadas pela Alemanha e
demais países europeus, em homenagem às vítimas do nazismo.