Quatro meses
depois de estrear nos cinemas brasileiros, o documentário Cazuza: Boas Novas,
produção original do Curta!, ganha espaço na programação do canal nesta segunda-feira
(03/11), às 22 horas. A produção aborda os últimos anos e os três últimos
álbuns da carreira de um dos mais influentes, celebrados e populares músicos do
Brasil.
Viabilizada
pelo Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), a obra é o primeiro lançamento da
Curta Cine-Distribuidora, braço de distribuição do Grupo Curta!. Com direção de
Nilo Romero, músico, amigo e diretor musical do último show de Cazuza, e
Roberto Moret, o documentário traz imagens inéditas de bastidores de shows e
momentos da intimidade do cantor com os amigos e familiares, além de recuperar
apresentações marcantes e entrevistas.
“Já tô de
saco cheio de todo dia fazer o mesmo show. Queria pegar um cineminha de noite.
Fazer um programa diferente. Eu sou assim, no primeiro dia estou a mil, o
segundo também, aí no terceiro...”, brinca com os amigos no camarim antes de
subir para mais um show.
A produção
tem depoimentos de Ney Matogrosso, Gilberto e Flora Gil, Frejat, Léo Jaime,
entre outros, que revelam novas histórias e apresentam outras perspectivas
sobre o amigo. Da mãe, Lucinha Araújo, ficam os registros dóceis de risadas e
teimosia.
No
documentário, os amigos recordam os momentos de diversão e rusgas. A saída do
Barão Vermelho é abordada para ressaltar as emoções envolvidas na decisão que,
de início, não foi bem aceita pelos integrantes da banda, como Frejat, que
lembra de Cazuza como uma caixinha de surpresas.
“A
gente se encontrou num Globo de Ouro, se abraçou e nunca mais falamos sobre
isso. Ficou totalmente resolvido. Não teve um rancor, um recalque. Pelo
contrário, nossa amizade ficou mais forte. A gente torcia um pelo outro”,
afirma o cantor.
Entre 1987 e
o início de 1989, mesmo enfrentando o diagnóstico de AIDS e um agravamento
severo de saúde, o cantor e compositor viveu uma explosão criativa: lançou três
álbuns, foi premiado diversas vezes e realizou mais de 40 apresentações com o
espetáculo O Tempo Não Para, que se tornaria um dos marcos de sua carreira. O
documentário mostra a transformação de composições e letras, com reflexões mais
profundas, e aborda momentos tensos, como o cuspe na bandeira do Brasil e a
reportagem sensacionalista da revista Veja sobre a doença, que iniciou um
movimento de indignação contra a publicação e, posteriormente, de
conscientização sobre os direitos sexuais.
Em
entrevista recuperada para Marília Gabriela, em 1988, o artista denuncia que a
doença tinha “caído como uma luva para a Direita e a Igreja”. No mesmo
encontro, revela ter visto e encarado a morte, mas que a achava um desperdício,
pois adorava viver.
Cazuza: Boas
Novas é uma produção da 5e60 Conteúdo, viabilizada pelo Curta! através do Fundo
Setorial do Audiovisual (FSA).