Na manhã
desta quinta-feira (23/10), o jornalista e apresentador Pedro Bial foi
entrevistado ao vivo pela âncora Elisa Veeck, na CNN Brasil, onde falou sobre a
importância de narrar a trajetória de Isabel Salgado, uma das maiores atletas
da história do vôlei brasileiro, cuja vida acaba de ser retratada em seu mais
novo livro. O jornalista, que lança o livro nesta quinta em São Paulo, a partir
das 18h, na livraria Martins Fontes, explicou que a obra surgiu do desejo de
preservar e compartilhar a história de uma mulher inspiradora e exemplar, capaz
de ajudar a compreender os tempos atuais. Segundo ele, narrar a trajetória de
Isabel é um gesto de reconhecimento: ‘É uma história que merece ser contada,
que não pode e não deve ser esquecida’, afirmou.
O
apresentador relembrou que Isabel foi uma menina insubmissa desde muito jovem,
criada em um colégio de freiras, onde já demonstrava uma personalidade livre,
corajosa e honesta. ‘Talvez o principal traço da Isabel fosse essa liberdade
por temperamento e vocação. Era muito corajosa na maneira de se expressar e
muito honesta consigo mesma e com os outros, ainda mais para a época’, disse.
Bial
destacou ainda que ambos nasceram na mesma geração e foram criados no ambiente
cultural efervescente de Ipanema nas décadas de 60 e 70, cenário que ele descreveu
como uma verdadeira ‘República de Ipanema’. Ali, segundo o jornalista, ocorreu
uma confluência extraordinária entre artistas, intelectuais e atletas, que
marcou a formação de Isabel. ‘Naquele conviviam alguns dos mais brilhantes
artistas e intelectuais da nossa história, ao lado de jovens que viriam a ser
grandes atletas do mundo’, relatou.
Foi nesse
ambiente que Isabel começou a jogar vôlei, quando o esporte ainda dividia
espaço na praia com o frescobol e o surfe, atividades então consideradas ‘coisa
de vagabundo’. ‘Quem imaginaria que o frescobol e o surfe virariam esportes
olímpicos?’, comentou.
Bial também
lembrou que a primeira grande rebeldia de Isabel aconteceu dentro de casa.
Filha de uma intelectual e neta de uma poeta e jornalista negra da década de
1920, amiga de Manuel Bandeira, Isabel cresceu em uma família matriarcal,
democrática e de alta formação cultural, onde o esporte era visto com certo
preconceito. ‘Na época, muitos intelectuais achavam que fazer esporte era coisa
de gente burra. Isabel teve de comprar essa briga dentro de casa, e foi ali que
ela se afirmou pela primeira vez’, explicou.
Na quadra de
vôlei, Isabel encontrou o seu espaço de expressão e alegria, um lugar onde
podia ser ela mesma. ‘O esporte foi o ambiente em que ela pôde exercer sua
liberdade e sua verdade, e levou isso para um mundo que ainda era muito
dominado por uma lógica militar e hierárquica. Isabel entrou nesse universo e o
transformou com sua leveza, coragem e integridade’, completou.
A entrevista
completa está disponível no canal da CNN Brasil no YouTube.