Em uma
viagem pelo interior do estado do Tocantins e do Pará, onde fica a maior bacia
hidrográfica inteiramente brasileira, o Globo Repórter desta sexta-feira
(24/10) inicia uma série de quatro programas que mostra a conexão entre as
pessoas e o meio ambiente. No primeiro episódio, a repórter Lilia Teles
desbrava Tocantins-Araguaia e conta histórias de ribeirinhos que vivem os
desafios ambientais e revelam caminhos para a sustentabilidade valorizando as
tradições, riquezas culturais e a preservação da biodiversidade da região.
Os rios da
bacia se espalham como artérias por cinco estados e pelo Distrito Federal,
carregando lendas, tradições e encantamentos, como as histórias com botos. No
Mercado Municipal de Mocajuba, no Pará, foi criado um mirante para observação
desses animais, que se tornaram uma das principais atrações locais. Com o
aumento do assédio e os riscos à saúde dos botos, a interação com eles foi
proibida em 2023. Ainda assim, tradições resistem.
Robson
Carvalho mantém a pesca artesanal com cacuris, que são armadilhas indígenas em
forma de paredões. Os botos, como verdadeiros parceiros, encurralam os peixes,
facilitando a captura.
No Rio
Araguaia, a bióloga Cristiane Gonçalves cresceu em meio a uma realidade
diferente, em que os botos são vistos como competidores pelos pescadores. O
boto do Araguaia, único golfinho de rio exclusivamente brasileiro, está
ameaçado de extinção. A construção de hidrelétricas no Rio Tocantins, embora
gere energia limpa e renovável, provocou o confinamento dos animais em lagos
represados, levando ao cruzamento entre indivíduos da mesma família e ao
empobrecimento genético.
A vida dos
ribeirinhos também foi impactada. Lilia Teles conhece Geânio Lopes, pescador
que vive às margens do Tocantins e precisou buscar alternativas diante da
escassez de peixes. Hoje, ele utiliza tanques-rede, estruturas flutuantes para
piscicultura, e desenvolveu um carinho por Neguinha e Negona, peixes criados e
domesticados por ele.
Em
Abaetetuba, no Pará, o miriti, também conhecido como buriti, é considerado o
isopor da Amazônia. Extraído de palmeiras, o material é usado na produção de
artesanato, pratos típicos e até na construção de casas. Na reportagem, Lilia
mostra como os brinquedos de miriti movimentam a economia local e expressam a
fé e a alegria do povo amazônico.
Durante a
seca, o Rio Araguaia revela as praias. Em Araguacema, a repórter acampa e
mostra a beleza da região, que abriga berçários de aves. Além da pesca, outra
tradição garante renda na região. O jambu, ingrediente do tacacá, prato típico
local é vendido nas feiras e também foi tema do mestrado de Tatiana Sinimbu,
que se inspirou na planta para empreender. Ela começou com conservas e bebidas,
descobriu novos benefícios a partir das propriedades afrodisíacas da planta e
agora quer ampliar as fronteiras do jambu.
O programa
também revela outros tesouros da Amazônia. Na região do Cantão, uma Reserva
Particular do Patrimônio Natural - RPPN abriga o Rio do Coco, com mais de 300
espécies de peixes, 388 de aves e mamíferos como antas, veados, onças-pintadas,
onças-pardas e ariranhas, também chamadas de onças-d’água. Apesar de
protegidas, as ariranhas estão ameaçadas pela poluição.
A Reserva do
Canguçu é um dos maiores exemplos de biodiversidade. A equipe de reportagem
acompanha pesquisadores da Universidade Federal do Tocantins enquanto monitoram
animais como tartarugas e jacarés e os profissionais afirmam que já identificaram
impactos alarmantes das mudanças climáticas, tanto na fauna quanto na
vegetação.
O Globo
Repórter vai ao ar na TV Globo, logo após Três Graças.