Para marcar
os 50 anos do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, à época diretor de
Jornalismo da TV Cultura, a emissora produziu um documentário com quase duas
horas de duração, que será lançado na 49ª Mostra Internacional de Cinema em São
Paulo, nesta sexta-feira (24/10), às 19h, na Cinemateca Brasileira.
Após a
apresentação do documentário, Ivo Herzog, presidente do Conselho do Instituto
Vladimir Herzog, e o jornalista Paulo Markun, companheiro de Vlado dentro e
fora das redações, participam de uma mesa mediada por Marília Assef, diretora
de Jornalismo da TV Cultura.
No dia 25,
data em que se completam cinco décadas desde a morte de Vlado, o longa A Vida
de Vlado - 50 anos do caso Herzog vai ao ar na TV Cultura, a partir das 23h.
Narrado pelo
jornalista Chico Pinheiro, com direção de Simão Scholz, a produção conta a
história da família Herzog e a vida de Vladimir até sua morte - crime que mudou
a história da luta pela redemocratização do País na década de 70. O longa
também mostra o legado da vida do jornalista, mantido pelo Instituto Vladimir
Herzog, em São Paulo.
Vlado, seu
nome original, nasceu em 1937, na antiga Iugoslávia. A família fugiu da invasão
nazista, foi obrigada a se mudar para a Itália e acabou migrando para o Brasil.
No país, o jornalista teve uma vida próspera e feliz com a publicitária e
pesquisadora Clarice Herzog, que conheceu na Faculdade de Filosofia da USP.
Com o apoio
do Instituto Vladimir Herzog, o documentário resgata imagens ao longo de meio
século de história e fotos inéditas da trajetória de Herzog pelo teatro,
cinema, televisão e jornalismo impresso. Ele começou a carreira no jornal O
Estado de S.Paulo, foi editor de cultura na Revista Visão, trabalhou na BBC de
Londres e teve duas passagens pela TV Cultura, em São Paulo.
No cinema,
fez documentários e o roteiro inicial do filme Doramundo, de João Batista de
Andrade, vencedor do Festival de Cinema de Gramado. O cineasta, amigo de
Herzog, que produziu em 2005 o documentário Vlado, 30 Anos Depois, é um dos
personagens principais dessa história. Vladimir Herzog também foi professor na
FAAP e na Escola de Comunicações e Artes da USP - a Universidade de São Paulo.
O
documentário ouviu os filhos Ivo e André Herzog, colegas de profissão e
ex-presos políticos, entre eles, os jornalistas Paulo Markun, Dilea Frate,
Sergio Gomes e Anthony de Cristo, além do médico Ubiratan de Paula Santos,
ex-líder estudantil. Eles foram presos e torturados na mesma época do
assassinato de Vlado no DOI-CODI, em 25 outubro de 1975. O jornalista Marco
Antonio Rocha, que trabalhou com Vlado na Revista Visão e na TV Cultura, lembra
do colega sempre preocupado com o rigor da informação e, ao mesmo tempo, com o
caráter educativo e a função social do jornalismo.
O
documentário refaz também o doloroso caminho que Clarice Herzog, a esposa de
Vlado, trilhou para tentar responsabilizar os culpados pela morte do marido. Em
plena vigência do AI-5, Vlado se apresentou nas dependências do DOI-CODI. Como
muitos outros, acusados de subversão por conta da filiação ao Partido Comunista
Brasileiro, foi preso sem ordem judicial, torturado e assassinado. São 50 anos
de luta, que começou contra a farsa do suicídio montada pelo exército, e se estendeu
pela defesa da democracia e dos direitos humanos no País.
A produção
também ouviu Elvira Alegre, a única fotógrafa que registrou o velório de
Herzog, e o ex-líder do Partido Comunista Brasileiro, João Guilherme Vargas
Neto. O advogado que defendeu a ação da família contra a União, Samuel Mac
Dowell, e o ex-juiz federal Márcio de Moraes, que condenou a União pelo
assassinato de Vlado. O documentário resgata filmes raros gravados durante o
Culto Ecumênico na Catedral da Sé, em 31 de outubro de 1975, e no descerramento
do túmulo de Herzog, no cemitério Israelita do Butantã, um ano após sua morte.
O
documentário faz ainda uma homenagem a Clarice Herzog pela sua luta para provar
que o marido foi assassinado e em defesa de outras vítimas da ditadura militar
no País.