Nesta sexta-feira (30/08), às 22h30, “Henfil”, documentário dirigido
por Angela Zoé sobre a vida e o trabalho do cartunista e quadrinista morto em
1988, estreia no canal Curta!.
Com imagens de arquivo, trechos de entrevistas com Henfil,
depoimentos de amigos como Ziraldo e Sérgio Cabral e jovens artistas, a
diretora monta um quadro que apresenta as raízes do cartunista para mostrar
como o seu trabalho alcançou o status de referência no Brasil e, como ele mesmo
dizia, até como “cucaracha” nos Estados Unidos.
Angela, que também assina o roteiro ao lado de Gabriela
Javier, reconstitui a infância do artista como “bom mineiro”, como dizia
Jaguar, para destacar as principais referências que marcaram um dos maiores cartunistas
do Brasil. Seu trabalho continha denúncia, era provocador e, mesmo durante a
ditadura, atacava tanto os militares quanto figuras emblemáticas como Clarice
Lispector e Elis Regina, alvos do seu cartum “Cemitério dos Mortos-Vivos”.
“Ele cresceu perto da praça dos hospitais, lá em Belo
Horizonte, perto do Parque Municipal, Ele via as mazelas, cresceu com a doença
ali em volta, e isso fez parte do humor ácido e malvado dele, de quem precisava
sobreviver a isso”, afirma o cartunista Aroeira.
Genioso, mas doce; tranquilo, mas sacana. A história de
Henfil é mostrada assim como ele definia sua personagem mais marcante: a
Graúna. Enquanto a produção acompanha o trabalho de jovens ilustradores - que
revivem os personagens de Henfil e se divertem com os traços tortos e com as
histórias contadas pelos amigos e pelo filho, Ivan Cosenza -, o documentário
destaca suas dores como hemofílico e como um ser político.
“Quando vejo tanta injustiça, tanta coisa ruim, fico
orgulhosa dos meus filhos não aceitarem isso, e fazerem alguma coisa para
mudar, apesar dos perigos. O coração de mãe sofre, mas é preferível que eles
percam o corpo, mas salvem suas almas”, dizia Dona Maria, mãe de Henfil,
Betinho e outros seis filhos.