O “Profissão Repórter” desta terça-feira (19/03) conta a
história das famílias de afegãos, haitianos e africanos que vieram recomeçar a
vida no Brasil e mostra como as crianças são fundamentais no processo de
adaptação das famílias em solo brasileiro.
De acordo com o Observatório das Migrações Internacionais
(OBmigra), pedidos de refúgio cresceram 73% no Brasil entre 2021 e 2022 - com
chegada cada vez maior de mulheres e crianças. A repórter Nathalia Tavolieri
revisita o Terminal 2 do Aeroporto Internacional de São Paulo, na cidade de
Guarulhos, onde mais de seis mil afegãos acamparam provisoriamente à espera de
vaga em abrigos. As primeiras famílias com crianças que desembarcaram no Brasil
foram acolhidas pela organização Aldeias Infantis SOS, localizada em Poá.
Nathalia conhece a rotina de uma garotinha afegã de 7 anos
que mora no abrigo há mais de um ano com os pais e duas irmãs. A mãe chegou no
Brasil grávida de 8 meses e deu à luz a caçula da família em solo brasileiro. A
maioria das crianças já está falando português e ajuda os pais a se comunicar.
A reportagem ainda acompanha a rotina das irmãs Husna, de 8 anos, e Asma, de 5
anos, filhas de um ex-funcionário do Ministério da Economia do Afeganistão, que
ganharam bolsa integral em uma escola bilíngue no Brasil.
A imigração de haitianos para o Brasil começou em 2010,
depois de um terremoto que devastou o país, fazendo com que milhares de pessoas
buscassem refúgio. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para
Refugiados (Acnur), estima-se que, atualmente, mais de 160 mil haitianos vivam
no Brasil. Muitos deles encontram dificuldades para trazer seus familiares e
recorrem à processos judiciais.
A repórter Mayara Teixeira vai até uma igreja que, desde
2010, é ponto de referência na acolhida de haitianos dando abrigo, atendimento
médico, auxílio na busca por emprego e assistência jurídica gratuita. Lá, ela
conhece o Jean Poncey que, há um ano, contratou uma agência de viagens para
trazer cinco pessoas ao Brasil com passagem aérea e auxílio na solicitação de
visto. Jean desembolsou R$ 42 mil e, até agora, nenhum de seus familiares
conseguiu chegar ao país.
Nas ruas do Brás, bairro de comércio popular da capital
paulista, o repórter Guilherme Belarmino encontra famílias africanas que
escolheram São Paulo para recomeçar suas vidas e ganham seu sustento vendendo
produtos na região. São senegaleses, guineenses, nigerianos, angolanos e
imigrantes de diversas nações. Com imagens de Fernando Grolla e Gabi Vilaça, a
reportagem revela que, na maioria dos casos, os homens africanos chegam
primeiro ao país para trabalhar e mandar dinheiro para esposas e filhos que
ficaram na África. Com esforço, eles conseguem trazer as famílias, mas, em
alguns casos, a espera pode chegar a dez anos.
De acordo com os dados mais recentes do Comitê Nacional para
Refugiados, o Conare, mais de 1.500 crianças e adolescentes de até 15 anos de
origem africana solicitaram refúgio ao Brasil entre 2021 e 2022. Os imigrantes
africanos contam que a chegada das crianças acelera a integração à cultura
brasileira, já que elas aprendem rápido o português e enxergam no estudo a
grande oportunidade de uma vida melhor. Esse caminho, no entanto, exige que
elas aprendam a lidar com o racismo. No Brás, duas irmãs angolanas que vendem
hortaliças e peixes com a mãe falam à equipe sobre o preconceito que sofrem na
escola por serem pretas.
A reportagem conta ainda com a participação, como jornalista
convidada, da congolesa Claudine Shindany, de 46 anos, que fugir para o Brasil depois
de denunciar na imprensa o aliciamento de crianças por guerrilheiros em seu
país, a República Democrática do Congo (RDC). Mãe de Blessing, de 17 anos, ela
conta que nunca teve a oportunidade de trabalhar como jornalista e de estudar
no Brasil, mas que ainda tem esperança. Nas ruas do Brás, em parceria com a
equipe do Profissão Repórter, Claudine volta a atuar como repórter, descobrindo
e contando histórias tocantes, parecidas com as dela.
O Profissão Repórter vai ao ar na TV Globo, logo após o BBB24.